Ambulante baleado em Noronha precisa amputar perna

O Caso de Emanuel Pedro

O ambulante Emanuel Pedro, que foi baleado por um delegado da Polícia Civil de Pernambuco durante uma festa no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha, terá que amputar sua perna. Após passar por várias cirurgias, Emanuel acabou desenvolvendo uma infecção generalizada. O advogado de defesa do ambulante, Anderson Flexa Leite, comentou: "Ele teve sepse na perna e vários médicos tiveram na unidade do hospital para tentar a restauração. Emanuel foi submetido a três cirurgias e não foi possível reverter o quadro. Infelizmente é um quadro irreversível e a questão é descartar riscos à vida dele".

Motivação do Conflito

A briga entre o policial e Emanuel parece ter sido causada por ciúmes. De acordo com o advogado, o delegado foi afastado por 120 dias, com possibilidade de prorrogação. O policial, identificado como Luiz Alberto Braga de Queiroz, teria se sentido incomodado após o ambulante observar a namorada dele.

Imagens do Conflito

Imagens obtidas pelo iG mostram momentos antes do tiroteio. Emanuel estava na festa com um amigo e, em determinado momento, é possível ver dois homens discutindo. O ambulante, vestido com uma regata preta e shorts brancos, é interpelado pelo delegado, que aparece de camiseta azul. A discussão culmina em um empurrão do policial, que se identifica e, na sequência, efetua disparos contra Emanuel, que estava desarmado. O ambulante consegue fugir mancando.

Depoimento de Emanuel

Após a repercussão do incidente, Emanuel se manifestou à imprensa, negando qualquer assédio à namorada do delegado. "Eu até fiquei surpreso, pois eu já estava indo para casa. Fiquei surpreso quando do nada alguém me abordou e me virou em direção da árvore", afirmou. Ele também exibiu sua perna ferida em um vídeo, relatando: "Olha a situação que eu me encontro agora, não consigo nem movimentar a perna".

Investigação do Caso

O delegado foi ouvido no Recife, mas não foi preso. A Corregedoria instaurou um procedimento preliminar para investigar a conduta do agente, conforme nota da SDS (Secretaria de Defesa Social) de Pernambuco.

Defesa do Delegado

A Adeppe (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco) se manifestou a favor do delegado, afirmando que Queiroz reagiu a um "comportamento reiterado de perseguição/importunação contra sua companheira". O órgão considera que o delegado foi alvo de uma "agressão injusta", justificando que a reação do policial foi para cessar a ameaça. Além disso, ressaltam que o fato de o tiro ter sido na perna "demonstra o preparo técnico e o equilíbrio emocional do policial".

Nota do Forte Noronha

Em nota, o Forte Noronha expressou seu pesar pelo ocorrido, ressaltando que o delegado tinha "autorização legal para porte de arma de fogo" no local e afirmando ter prestado socorro à vítima e aos familiares de Emanuel.