Zambelli confirma que suspensão de ação será discutida na Câmara

Zambelli confirma que suspensão de ação será discutida na Câmara

A deputada e suas declarações sobre o processo no STF

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) procura se beneficiar de uma medida que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados no caso de Alexandre Ramagem (PL/RJ). Ela declarou que o pedido para suspender o processo contra ela no Supremo Tribunal Federal (STF) foi enviado à Casa Baixa no final do mês passado e atualmente está sob análise. "Eu já tive um sinal verde de que o pedido vai ser pautado. Vamos esperar o melhor momento para isso acontecer, porque eu ainda tenho um tempo para poder colocar ele em pauta", explicou Zambelli em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, 15 de maio.

A condenação e o processo atual

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por ter enviado um hacker para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos falsos. Na quarta-feira, 14 de maio, a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, iniciar a pena em regime fechado, com a perda do mandato de deputada e uma multa de R$ 2 milhões. Contudo, a parlamentar destacou que ainda há possibilidades de recurso. "O processo ainda não acabou" e afirma que não desistirá de sua defesa. "Ainda há vários recursos que podem ser feitos", garantiu Zambelli. "O meu advogado vai apresentar alguns instrumentos que são normais de apresentar num processo como esse", acrescentou.

Defesa contra as acusações

Na semana passada, a defesa de Zambelli protocolou um recurso no STF solicitando a suspensão da ação. O pedido se baseou em um requerimento do Partido Liberal (PL) na Câmara, visando interromper o julgamento até que a Casa Legislativa deliberasse sobre a sustação do processo. Entretanto, o ministro Alexandre de Moraes rejeitou a solicitação, utilizando a mesma justificativa do case Ramagem. "Não se aplicam ao caso as regras constitucionais que permitem à Câmara sustar o andamento de ações penais contra parlamentares, pois os crimes imputados a Zambelli ocorreram antes da diplomação para seu mandato atual", afirmou Moraes.

Zambelli e a controvérsia com o hacker

Durante a coletiva, a deputada negou qualquer relação com o hacker Walter Delgatti, acusado de invadir os sistemas do CNJ. Zambelli admitiu que o conhece, mas que nunca o contratou. "Ele conta uma versão, volta atrás e conta outra versão. Em alguns momentos apresentou seis versões diferentes. Então, a própria Polícia Federal, quando esteve na casa dele, o nomeia como mitomaníaco, ou seja, uma pessoa que mente, que inventa histórias", defendeu a deputada.

Persecução política e impacto pessoal

A deputada também rejeitou a ideia de que realizou pagamentos ao hacker e insinuou que a invasão foi uma ação independente do hacker. "Nesse caso, sinceramente, no final das contas, eu não sei o que motivou ele, mas eu acho que, na maioria das vezes, um hacker faz isso por vaidade. O porquê dele querer me envolver nisso, até hoje a gente não sabe e provavelmente nunca saberemos", completou. Delgatti, por sua vez, foi condenado a oito anos e três meses de prisão por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, podendo também recorrer da decisão.

Conclusão e a perspectiva futura

Para Zambelli, a condenação é uma injustiça e, segundo ela, reflete uma perseguição política. "Quando a gente tem 1 milhão de votos, coloca um foco na nossa cabeça. A discrepância da Justiça é tanta que faz a gente desacreditar da política", lamentou. "Ainda que a decisão seja injusta, eu vou seguir. Se acontecer de ter a prisão, eu vou me apresentar. Mas meus médicos são unânimes em dizer que eu não sobreviveria à cadeia", concluiu.