Cerrado domina desmatamento no Brasil em 2024
15/05/2025, 14:50:02Cerrado: O Bioma Mais Afetado
Como o bioma mais afetado pela perda de vegetação nativa, o Cerrado enfrenta números alarmantes de desmatamento. Segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), elaborado pelo Mapbiomas, cerca de 652 mil hectares foram desmatados no Cerrado em 2024. Isso representa mais da metade do total de desmatamento no Brasil, que foi de 1.242.079 hectares neste mesmo período.
Concentração de Desmatamento no Matopiba
A região do Matopiba, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou sozinha 75% da devastação no Cerrado e 42% da perda de vegetação nativa em todo o país. É um alerta para a necessidade de políticas públicas eficazes e eficientes para proteger os biomas brasileiros.
Comparativo com Outros Biomas
No panorama nacional, cinco dos seis biomas brasileiros apresentaram redução no desmatamento em comparação a 2023. O Pantanal, por exemplo, teve uma queda impressionante de 58,6%, seguido pelo Pampa com 42,1%. A Amazônia e a Caatinga também registraram reduções, enquanto a Mata Atlântica foi a única exceção, com um aumento de 2%, resultado de eventos climáticos extremos. Essa redução no desmatamento deveria ser comemorada, mas a situação do Cerrado continua preocupante.
Devastação e seus Desdobramentos
Mesmo com os esforços de conservação, a devastação no Cerrado e na Amazônia continua concentrada, respondendo por mais de 89% da área desmatada em 2024. As formações de savanas foram responsáveis por 52,4% do total desmatado no país. O ritmo da devastação no Cerrado foi alarmante, com uma média diária de 1.786 hectares perdidos, o que supera até mesmo a taxa de desmatamento da Amazônia.
Ações de Combate ao Desmatamento
Em resposta ao cenário desolador, diversas ações de combate ao desmatamento foram estabelecidas. Desenvolveram-se planos de enfrentamento para todos os biomas, e os estados agora têm um papel mais ativo em embargos e autuações. Os dados a respeito do desmatamento passaram a influenciar a concessão de créditos rurais, refletindo uma mudança nas abordagens governamentais. Contudo, estados como Maranhão, Pará e Tocantins continuam a liderar as estatísticas de desmatamento, destacando-se o Maranhão pela baixa transparência nas autorizações e na fiscalização ambiental.
Impactos nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação
Nas Terras Indígenas, a perda de vegetação caiu 24%, mas a TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) teve um aumento preocupante na destruição. Em relação às Unidades de Conservação, houve uma diminuição de 42,5% na perda de vegetação, embora a APA Triunfo do Xingu (PA) tenha se destacado pela área desmatada.
Reflexão sobre o Futuro
Desde 2019, o Brasil já perdeu cerca de 10 milhões de hectares de vegetação nativa, sendo 67% dessa área localizada na Amazônia Legal. Nesse contexto, a agropecuária se apresenta como o principal vetor do desmatamento, responsável por mais de 97% das remoções de vegetação.
Esses dados nos convidam a refletir sobre as estratégias de preservação e a importância de ações contundentes para garantir o futuro sustentável dos nossos biomas. Precisamos nos unir na defesa do meio ambiente e exigir políticas que considerem a biodiversidade como um patrimônio a ser protegido.