Homicídios diminuem, mas sensação de insegurança aumenta
13/05/2025, 15:07:13Análise da Taxa de Homicídios no Brasil
A taxa de homicídios no Brasil registrou uma queda de 2,3% entre 2022 e 2023, atingindo 21,2 mortes por 100 mil habitantes. Este número representa o menor índice de violência letal no país desde 2012, segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ao todo, foram contabilizadas 45.747 vítimas de homicídio em 2023. Este dado interrompe um período de estabilidade observado entre 2019 e 2022, quando a taxa se manteve em torno de 21,7. A trajetória de queda havia sido iniciada em 2018, após o pico histórico de 30,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2017.
Apesar da redução nos homicídios e em vários tipos de crimes contra o patrimônio, como roubos a residência e furtos em via pública, a criminalidade continua sendo percebida como um dos principais problemas pela população. Uma pesquisa realizada pela Genial/Quaest em março de 2024 revela que 29% dos entrevistados consideram a violência a principal preocupação no país, um aumento significativo em relação a dezembro de 2022, quando este percentual era de apenas 10%.
O levantamento mostra um crescimento de 19 pontos percentuais em pouco mais de um ano. A consultoria responsável pela pesquisa não apresentou uma correlação direta entre os dados objetivos de criminalidade e a percepção social de insegurança. No entanto, destacou a influência de fatores como a exposição a notícias sobre crimes, o impacto das redes sociais e a sensação individual de vulnerabilidade.
Os especialistas do FBSP ressaltam que "a prevalência de crimes e a percepção de segurança não caminham necessariamente juntas". O anuário também aponta que essa relação pode ser influenciada pela "intensidade da cobertura midiática, localização geográfica dos conflitos e mudanças no padrão dos crimes registrados".
Aumento em Outras Modalidades Criminais
Entre os tipos de crime que apresentaram aumento está o estelionato, com 1,98 milhão de ocorrências registradas em 2023, o que representa uma denúncia a cada 16 segundos. O crescimento concentra-se principalmente em fraudes realizadas por vias digitais. Essa modalidade inclui golpes relacionados ao furto ou roubo de aparelhos celulares, que possibilitam o acesso a contas bancárias e redes sociais das vítimas, resultando em perdas financeiras superiores ao valor do item subtraído.
Análise Regional dos Homicídios
A análise regional do anuário revela que sete unidades federativas registraram taxas de homicídio abaixo da média nacional. O menor índice verificado foi em São Paulo, com 6,4 mortes por 100 mil habitantes. Em contrapartida, o Amapá registrou o mais elevado, com 57,4. As maiores reduções foram observadas no Rio Grande do Norte (-18,8%), Paraná (-15,2%) e Amazonas (-13,4%).
Entretanto, estados como o Amapá (+41,7%), o Rio de Janeiro (+13,6%) e Pernambuco (+8,0%) apresentaram os maiores aumentos na taxa de homicídios no mesmo período. O relatório também identificou 11 unidades da federação que vêm reduzindo seus índices de homicídio continuamente desde 2016 ou 2017.
Transformação Digital e Percepção de Insegurança
Conforme o documento, a "transformação digital da sociedade" não só contribui para o registro de ocorrências, mas também "potencializa o medo do crime", ao expor novas formas de violência como o cyberbullying e os golpes digitais. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é elaborado anualmente com base em registros fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança, polícias civis e militares e outros órgãos oficiais. Os dados utilizados na edição de 2024 abrangem o período entre janeiro e dezembro de 2023.