Tradição do bordado redendê em Piranhas, AL
10/05/2025, 19:53:30O valor da tradição
"Aqui, todas as mulheres sabem bordar". Essa frase é motivo de orgulho para a bordadeira Anália Oliveira, presidente da Associação de Bordadeiras, criada em 1999 para fomentar a geração de renda de mulheres que moram no povoado Entremontes, localizado em Piranhas.
Principal representante do bordado redendê, o povoado de Entremontes fica a cerca de 15 km de distância do centro histórico de Piranhas, que faz parte da Rota do Cangaço. O percurso pode ser feito pela estrada ou de embarcação pelo rio São Francisco.
Lá, a economia gira em torno de centenas de mulheres que dão vida ao rendendê, um artesanato tradicional de Alagoas, reconhecido como patrimônio imaterial do estado. A partir da criação da associação, as artesãs puderam se qualificar e dar vazão aos seus produtos.
"Antes, a gente não tinha a quem vender. Aí, quando chegava alguém de fora, a gente saia com os bordados na mão para oferecer. Hoje, não precisa. O pessoal procura a gente na associação", diz Anália.
Com origem no bordado rendido português, o redendê foi adaptado pelas rendeiras da região, que transformaram tecidos simples em obras de arte que transmitem a cultura e a tradição das mulheres alagoanas.
"É a nossa principal renda, que sustenta várias famílias que não têm emprego, principalmente as mulheres mais jovens, que acabam sendo mães cedo. O que complementa a renda delas é o bordado", explica Alcineide Cruz, bordadeira e pesquisadora acadêmica.
A arte do bordado redendê é passada de mãe para filha há várias gerações.
"Aprendi com sete anos de idade, com a minha mãe. Com nove anos eu já sabia bordar todos os pontos, além do crochê. Hoje, eu já passei para minha filha", Alcineide.
Na associação, funciona uma escolinha onde as crianças aprendem a bordar: é a garantia de que essa tradição continue sendo transmitida para as gerações.
"A gente sentiu a necessidade de passar para as crianças esse trabalho para que essa arte do bordado continue. Me sinto muito feliz", diz a professora Edna Bezerra.