Desvendando os Mistérios do Oriente Médio Atual
08/05/2025, 19:38:40A Complexidade da Realidade no Oriente Médio
A rotina dos israelenses desde o início da atual guerra é: todo dia abrimos os jornais, os podcasts, o noticiário no rádio e na TV ou, pior, as mídias sociais – e levamos um tremendo susto. Sempre há algo inacreditável, inexplicável ou incompreensível acontecendo no Oriente Médio. Nessa hora, dá uma certa inveja daqueles países em que a monotonia é quase uma marca registrada e mudanças importantes ocorrem lentamente, quando ocorrem, uma vez que aqui é tudo rápido, emergencial, sem processo. Você acorda e, pa-pum, já aconteceu.
Vou citar só três entre os muitos acontecimentos que nos surpreenderam nesta semana.
- Visita de Ahmed al-Sharaa: O presidente francês Emmanuel Macron recebeu em Paris o autointitulado líder sírio Ahmed al-Sharaa – mais conhecido em Israel por seu "nome de guerra", al-Jolani, do qual ele está inutilmente tentando se desvencilhar. Foi a primeira visita à Europa deste novo personagem político, que é ex-membro do Al Qaeda e liderou o exército rebelde que expulsou o brutal ditador sírio Bashar al-Assad. Al-Jolani cortou a longa barba e trocou o uniforme militar por terno e gravata, mas não está conseguindo (e nem se está tentando) proteger as minorias locais e unificar seu país, como prometido.
- Míssel Houthis contra Israel: No domingo passado, um míssil balístico lançado pelos Houthis, grupo terrorista baseado no Iêmen e financiado pelo Irã, contra Israel atingiu uma área periférica do Aeroporto Ben Gurion. O resultado foi, além do susto e de seis pessoas feridas, uma nova debandada de companhias aéreas internacionais, que cancelaram seus voos de e para o país. A resposta veio em seguida, com um ataque aéreo coordenado entre Israel e Estados Unidos que destruiu o aeroporto internacional de Sanaa e outros 1.000 alvos.
- Reféns em Gaza: Existem hoje 59 reféns ainda prisioneiros em Gaza; 24 deles vivos. Pelo menos era nisso que o público israelense acreditava até essa semana, quando Donald Trump – e não o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu – veio a público dizer que hoje há, na verdade, apenas 21 reféns sobreviventes em Gaza. Sem entrar no aspecto do desrespeitoso tratamento das famílias dos reféns, as quais deveriam ter acesso ilimitado a informações sobre os seus providos diretamente do governo israelense.
A essa pergunta eu respondo: desde o dia 7 de outubro de 2023, quando 6 mil palestinos, civis e combatentes do Hamas, invadiram Israel, assassinaram 1.200 pessoas, destruíram comunidades inteiras e sequestraram 251 pessoas. Um acontecimento do qual, tudo indica, muitos optaram por esquecer.
Esses são apenas alguns acontecimentos que revelam o quanto o Oriente Médio continua desafiando não apenas a lógica, mas também qualquer capacidade de previsão do futuro. Para quem vive aqui, já nem se trata de buscar sentido: estamos focados em reunir forças para seguir em frente, um susto de cada vez.