Lula busca reeleição com apoio de políticos estratégicos

Lula busca reeleição com apoio de políticos estratégicos

Desafios e apoios na jornada de Lula para 2026



O anúncio do presidente da República de que é "candidatíssimo" à reeleição no ano que vem, feito em jantar com deputados no último dia 23, soou a congressistas como uma tentativa de afastar a sensação de um fim antecipado da era Lula (PT), mas os prognósticos na sua base de apoio continuam com viés negativo.

Os cinco partidos de centro e de direita que compõem sua coalizão -União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos- são fontes constantes de instabilidade e não asseguram apoio à possível tentativa do petista de um quarto mandato. Ao mesmo tempo, são entusiastas da possível candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A Folha ouviu congressistas e dirigentes das cinco legendas, que somam quase metade do tamanho da Câmara -240 deputados.

Uma situação simboliza o grau de dificuldades: o fato de a prometida reforma ministerial se arrastar há seis meses sem sair do papel.

Em 2024, aliados de Lula pregavam a necessidade de dança de cadeiras após as eleições municipais, cotejando a força demonstrada por cada um e privilegiando os que se comprometessem a cerrar fileiras na campanha do PT em outubro de 2026.

Passados seis meses, mudanças significativas ainda não ocorreram, limitando-se a trocas internas do próprio PT.

Apesar do aparente paradoxo, muitos deputados dizem não esperar mexidas relevantes no tabuleiro governamental no futuro próximo. Os aliados incômodos de Lula têm um histórico de fisiologismo, tornando improvável que abandonem um ano garantido de acesso à máquina federal.

O prazo para definições sobre 2026 já se aproxima, com especulações sobre a candidatura de Tarcísio e a recuperação da elegibilidade de Jair Bolsonaro (PL). Também se discute o cenário econômico e a popularidade de Lula, que atingiu níveis críticos em fevereiro e sua idade, que levanta dúvidas sobre sua candidatura.

O União Brasil destaca-se entre as legendas, sendo um dos partidos mais emblemáticos na coalizão. Contudo, há a avaliação entre os mais próximos ao Planalto de que a reforma ministerial não saiu ainda porque não há perspectiva de bons resultados para o governo.

As cinco legendas têm um total de 11 ministérios, mas nenhum dirigente ou deputado demonstrou segurança em apoiar a candidatura de Lula. É preocupante que uma possível candidatura de Tarcísio tenha o potencial de unir forças políticas fora da esquerda.

Gilberto Kassab, presidente do PSD, destaca essa "base infiel", governando uma legenda com três ministérios enquanto apoia Tarcísio.

O partido também abriga diversas alas, desde os mais próximos ao Planalto até aqueles que na verdade defendem uma postura independente em relação ao lulismo e ao bolsonarismo.

Enquanto isso, o MDB e outros partidos se posicionam em relação a Tarcísio, e a crise interna no PP se reflete em discursos opositivos e escassas presenças de governistas.

Independentemente das pressões políticas, Lula continua sua trajetória rumo a 2026, enfrentando uma realidade cheia de desafios e incertezas.