Negociações entre Irã e EUA avançam sobre programa nuclear

Negociações entre Irã e EUA avançam sobre programa nuclear

Retomada das conversações em Roma

Estados Unidos e Irã retomaram neste sábado (19) em Roma as conversações sobre o programa nuclear de Teerã, uma semana depois de uma primeira rodada considerada "construtiva" pelos dois países, que não mantêm relações diplomáticas desde a Revolução Islâmica de 1979.
O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, e o emissário americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, iniciaram uma reunião em Roma, com Omã atuando como país mediador, conforme informou a televisão estatal iraniana.
A primeira rodada aconteceu no sábado passado em Mascate, capital de Omã, que também colaborou como mediador nesse encontro.

Ameaças e sanções

As negociações foram retomadas após ameaças do presidente americano, Donald Trump, de iniciar ações militares contra o Irã caso um acordo sobre seu programa nuclear não seja alcançado. Em 2015, durante seu primeiro mandato, Trump retirou Washington do acordo multilateral que restringia o desenvolvimento nuclear da República Islâmica em troca da suspensão de sanções.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), Rafael Grossi, afirmou na quinta-feira que o Irã "não está longe" de obter armamento nuclear. Teerã, entretanto, insiste que seu programa é desenvolvido apenas para fins civis.

Pressão máxima

Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, Trump restabeleceu sua política de "pressão máxima" contra o Irã, endurecendo as sanções econômicas e ameaçando bombardear a República Islâmica.
Na quinta-feira, Trump comentou que não tem pressa para recorrer a uma solução militar. "Eu acredito que o Irã quer conversar", afirmou durante uma coletiva.

Desconfiança iraniana

Em uma visita a Moscou, Araqchi manifestou "sérias dúvidas sobre as intenções e motivos da parte americana, mas indicou que participará das negociações mesmo assim". O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, também expressou ceticismo, embora tenha se mostrado satisfeito com a organização das reuniões.

Desenvolvimento nuclear em foco

Os países ocidentais e Israel, inimigos do Irã, suspeitam que o objetivo do programa nuclear é desenvolver armamento atômico. Teerã rejeita essas acusações e defende seu direito ao desenvolvimento nuclear para fins civis, como a geração de energia.
O organismo responsável por verificar a natureza pacífica do programa é a AIEA. O diretor-geral, Rafael Grossi, visitou Teerã esta semana e declarou em uma entrevista ao jornal francês Le Monde que o Irã "não está longe" de conseguir a arma nuclear. "Estamos em uma fase crucial das negociações importantes. Sabemos que temos pouco tempo", afirmou Grossi em Teerã.

Urânio enriquecido

Desde a saída dos Estados Unidos do acordo de 2015, o Irã vem se afastando do compromisso de não enriquecer urânio acima de 3,67% fixado por este pacto, que foi assinado por outros países, como Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia. De acordo com o relatório mais recente da AIEA, o Irã já dispõe de urânio enriquecido a 60%, o que é próximo dos 90% necessários para produzir uma arma nuclear. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, pediu aos países europeus para adotarem rapidamente "uma decisão importante sobre o restabelecimento das sanções" contra Teerã, citando uma violação do acordo de 2015.