Brasil concede asilo a ex-primeira-dama do Peru por razões humanitárias

Brasil concede asilo a ex-primeira-dama do Peru por razões humanitárias

BRASÍLIA, DF - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou na última sexta-feira (18) que o Brasil concedeu asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, destacando que a decisão foi tomada com base em questões humanitárias.


"Foi concedido com base na Convenção de Caracas e também com base na legislação brasileira. E do nosso ponto de vista foi também concedido com base em questões humanitárias", declarou à GloboNews. O asilo foi concedido tanto para a ex-primeira-dama, que recebeu uma condenação pela Justiça peruana nesta semana por lavagem de dinheiro, quanto para o filho dela, de 14 anos.
"Ela foi recentemente operada por uma questão grave de coluna vertebral, está em recuperação, precisa continuar em tratamento, e estava acompanhada de um filho menor. O marido condenado está detido e, portanto, o filho menor também estaria abandonado ou desprotegido. Foi com base em critérios humanitários", enfatizou Vieira. O governo peruano também facilitou a saída de Heredia e seu filho, emitindo dois salvo-condutos para que pudessem deixar o país.
O ministro ainda revelou que o governo peruano concordou com a saída de Nadine Heredia em um avião da FAB: "Foi a única forma em que havia de retirá-la com segurança e rapidez do país, com a concordância do governo peruano". Ao ser questionado se o presidente Lula havia sido informado sobre a concessão do asilo, Mauro Vieira confirmou que o presidente foi avisado previamente.
Recentemente, a Justiça do Peru condenou Heredia e seu esposo, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, no contexto de aportes ilegais da empreiteira brasileira Odebrecht e da Venezuela para suas campanhas eleitorais em 2011 e 2006. Tanto Heredia quanto Humala negam as acusações e foram considerados cofundadores do Partido Nacionalista. A sentença representa o fim de mais de três anos de audiências contra Humala, que governou o Peru de 2011 a 2016. Humala optou por tentar provar sua inocência de dentro da prisão, ao invés de buscar asilo no Brasil. De acordo com sua defesa, "não foi provado que entrou dinheiro da Venezuela em 2006, e nunca se corroborou que entrou dinheiro da Odebrecht em 2011". A condenação foi baseada em alegações de que o casal desviou aproximadamente US$ 200 mil enviados pelo ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O Ministério Público havia solicitado 20 anos de prisão para Humala e 26 anos para Heredia, que também foram acusados de ocultação de bens através de "compras de imóveis com dinheiro da Odebrecht". Ambos continuam a negar qualquer irregularidade relacionada a estes recursos.