Crescimento econômico da China surpreende antes da guerra tarifária

Crescimento econômico da China surpreende antes da guerra tarifária

A China e seu crescimento econômico

A China anunciou nesta quarta-feira (16) um crescimento econômico de 5,4% no primeiro trimestre, acima das expectativas dos analistas. Esse aumento é atribuído, em parte, ao frenesi exportador de suas empresas, que se anteciparam ao aumento expressivo das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Apesar dos números positivos, a potência asiática reconheceu que enfrenta "certa pressão" sobre sua economia e comércio devido à guerra tarifária global iniciada por Donald Trump.

Impactos das tarifas

A disputa entre as duas grandes economias do mundo resultou na imposição de novas tarifas de 145% sobre produtos chineses, com a China retaliando com tarifas de 125% sobre as importações dos Estados Unidos. "Neste momento, a imposição de tarifas elevadas por parte dos Estados Unidos provocará certa pressão no comércio e na economia do nosso país", afirmou Sheng Laiyun, funcionário do Escritório Nacional de Estatísticas (ONE). Entretanto, ele acrescentou que "isso não mudará a tendência geral da economia da China, que continuará melhorando a longo prazo".

Dados econômicos positivos, mas desafios persistem

No primeiro trimestre, antes da escalada da guerra comercial, o PIB da China cresceu 5,4% em termos anuais, superando a expectativa de 5,1% projetada por analistas. Além disso, a produção industrial aumentou 6,5% e as vendas no varejo subiram 4,6% em comparação com o mesmo período de 2024. As estatísticas de exportação também mostraram um crescimento anual de 12% em março, como resultado do acúmulo de pedidos antes do anúncio das novas tarifas em 2 de abril.

Desafios e incertezas futuras

O ONE advertiu sobre um ambiente econômico global "complexo e grave" que exigirá "políticas macroeconômicas mais proativas e eficazes". "Ainda não está consolidada a base de uma recuperação econômica sustentável e do crescimento", afirmou o organismo. A guerra comercial instaurada por Trump pode prejudicar a frágil recuperação da China, que já enfrenta desafios como um consumo abaixo do ideal e uma crise de dívida no setor imobiliário.

Ações e respostas

Analistas externos acreditam que os dados positivos podem ser ofuscados em breve pelo impacto das tarifas. "O dano da guerra comercial será observado nos dados macroeconômicos do próximo mês", declarou Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management. A Casa Branca, por sua vez, afirmou que "a bola está com a China" para reduzir a tensão na guerra comercial. As autoridades chinesas ressaltaram que "não têm medo de lutar", mas se mostraram abertas ao diálogo.

Perspectivas para o futuro

A China, que já não vive os anos de crescimento acelerado, anunciou uma série de medidas para estimular a economia, como corte de juros e aumento do teto de dívida dos governos locais. As Bolsas chinesas apresentaram uma alta considerável, impulsionadas pela esperança de um pacote de estímulo que não se concretizou, o que gerou desconfiança entre investidores. Embora as autoridades tenham fixado uma meta de crescimento de cerca de 5% para este ano, muitos economistas consideram que esse objetivo é ambicioso diante dos desafios atuais.

Mesmo assim, Sheng Laiyun, do ONE, se mostrou otimista: "Temos a força, a capacidade e a confiança para enfrentar os desafios externos e alcançar os objetivos de desenvolvimento estabelecidos".