Introdução
O Panamá decidiu permitir a presença de tropas dos Estados Unidos em áreas adjacentes ao canal interoceânico, conforme um acordo bilateral revelado nesta quinta-feira pelo governo panamenho. A movimentação é sensível para a nação, dado que remete ao período em que os EUA mantinham bases militares no país antes de a administração do Canal ser transferida para os panamenhos, em dezembro de 1999.Acordo de Segurança
De acordo com o acordo, militares e contratantes americanos "poderão usar as instalações e áreas autorizadas para treinamento, exercícios" e outras operações. A assinatura foi feita pelo chefe do Pentágono, Pete Hegseth, e pelo ministro da Segurança do Panamá, Frank Ábrego. O presidente Donald Trump, desde que reassumiu o poder, insinuou a possibilidade de "recuperar" o Canal do Panamá, alegando que a região estaria sob forte influência da China.Detalhes do Acordo
Este acordo de segurança inclui fotografias das áreas autorizadas, que abrangem duas bases aeronavais e um aeroporto localizados em zonas anteriormente dominadas por forças americanas, conhecidas como o enclave da Zona do Canal. Com uma duração inicial de três anos, o acordo prevê a possibilidade de prorrogação e determina que as instalações devem permanecer sob a propriedade do Estado panamenho, sendo de "uso conjunto" entre as forças de segurança dos dois países, com o intuito de enfrentar "os desafios de segurança compartilhados".Reações no Panamá
A posição de Pete Hegseth, que afirmou que os exercícios de defesa realizados em colaboração entre os dois países representam uma chance de reviver uma "base militar" com a presença de "tropas americanas", não foi bem recebida. O presidente panamenho, José Raúl Mulino, em visita a Lima, esclareceu que havia negado um pedido de inclusão de termos como "bases militares" e "cessão de território" no pacto de cooperação. Ele comentou: "Retiramos os conceitos de presença militar permanente, de bases militares, de cessão de território, porque isso sim é inaceitável."Soberania e Cooperação
Durante uma entrevista à rádio Arca-Media, o chanceler Javier Martínez-Acha enfatizou que o acordo é temporário e refutou qualquer noção de violação de soberania. Ele afirmou: "É absolutamente falso que tenhamos cedido a soberania. O que o acordo busca é uma cooperação mais ampla em matéria de defesa para o Canal em caso de ameaças tangíveis." É importante lembrar que, após a invasão dos Estados Unidos em 1989 para capturar o então ditador Manuel Antonio Noriega, o Panamá proibiu por lei o estabelecimento de bases militares e desmantelou suas forças armadas.Conclusão
O cenário atual levanta questões sobre a relação entre Panamá e Estados Unidos e o futuro de sua colaboração em segurança. Os leitores são convidados a comentar suas opiniões sobre o acordo e sua possível repercussão nas relações internacionais.