Macron planeja reconhecer a Palestina em junho

Macron planeja reconhecer a Palestina em junho

Introdução

O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que pretende reconhecer o Estado da Palestina durante uma conferência da ONU co-patrocinada pela França e pela Arábia Saudita. Com esse passo, Macron se alinha à Irlanda, Noruega e Eslovenia, que já reconheceram um Estado Palestino, mas se coloca frontalmente contra a posição da Alemanha e Portugal, que consideram precipitado tal reconhecimento neste momento.

Contexto das Declarações de Macron

Macron é conhecido por posições radicais. Neste 3/04, ele convocou importantes industriais franceses e pediu que suspendam investimentos futuros ou já anunciados nos EUA. Os comentários foram feitos após a empresa francesa de transporte marítimo CMA CGM anunciar planos de investir US$ 20 bilhões nos EUA para construir terminais e logística de transporte, enquanto a empresa francesa de equipamentos elétricos Schneider Electric disse no final de março que investiria US$ 700 milhões no país. Em Junho do ano passado, Macron criou uma crise interna ao dissolver a Assembleia Nacional. O desemprego no país atingiu 7,6% e há crescente insatisfação nos grupos de mais baixa renda frente à política econômica, o que está aumentando consideravelmente as forças políticas tanto da extrema direita como da extrema esquerda, ambas antagônicas a Macron.

A Importância dos Muçulmanos na França

O Instituto PEW estima que os muçulmanos na França são hoje cerca de 13% da população - 9.000.000 - e o governo Francês vai mais longe, estimando que existam até 13.000.000 de muçulmanos na França. Trata-se de um contingente eleitoral imenso! Há poucos meses eu escrevi, em outro artigo: “Infelizmente a maior parte dos políticos não têm opinião, têm apenas eleitores - e há milhões de islâmicos votando. Para esses políticos, às favas com a ética, a verdade e a honradez. Viva o voto”! A imensa maioria dos muçulmanos da França pertence ao estrato de baixa renda e agradá-los, seguramente traz votos. Reconhecer o Estado da Palestina pode, portanto, ser uma estratégia eleitoral.

Riscos de Segurança e Reconhecimento

Há, no entanto, mais um fator a considerar: a violência deste grupo étnico. Tal reconhecimento pode levar Macron a acreditar que, ao obter a simpatia deles, estaria diminuindo o risco de terrorismo na França. Ações violentas e terroristas são frequentes na França. A destruição do Semanário Charlie Hebdo, os atentados contra a Galerie Lafayette e contra as lojas Printemps, as explosões no metrô de Lyon e Paris, o ataque à Ecole Villeurbanne, a sabotagem aos trens TGV, diversos assassinatos em Marseille, Paris, Lyon, etc. são apenas alguns exemplos de violência de grupos islâmicos. O reconhecimento da Palestina como Estado apaziguará esses grupos? Creio que o efeito será contrário - se sentirão mais fortes e o ativismo de violência deverá crescer.

Qual Estado da Palestina será Reconhecido?

Finalmente há que se considerar qual o Estado Palestino que será reconhecido? O composto pela Faixa de Gaza mais a Judéia e a Samária (Cisjordânia), conforme exigência da OLP, ou um Estado que elimine e incorpore o atual Israel, somado a Gaza, Judéia e Samária, conforme pregam o Hamas e a Jihad Islâmica? Aliás, o Brasil aparentemente defende esta última posição, haja vista o mapa da Palestina nos cursos da plataforma AVAMEC oferecidos pelo Ministério da Educação do governo Lula. Lembrando, finalmente, que jamais na história existiu qualquer país Palestina, mas tão somente uma área geográfica com este nome e que incluía quase a totalidade da atual Jordânia, o atual Israel, a Faixa de Gaza, partes da atual Síria, bem como a Judéia e a Samária (Cisjordânia).

Desafios para Macron

Macron terá dificuldades em decidir qual a Palestina que ele reconhecerá e - muito provavelmente - enfrentará respostas duras dos EUA, Israel, Alemanha, Argentina, República Tcheca e diversos outros países Europeus.