Israel assume controle de áreas estratégicas em Gaza

Israel assume controle de áreas estratégicas em Gaza

Contexto da Situação em Gaza


O ministro israelense da Defesa, Israel Katz, afirmou nesta quarta-feira (9) que seu Exército se apoderou de "vastos setores" da Faixa de Gaza, "reduzindo" e "isolando ainda mais" o pequeno território palestino governado pelo movimento islamista Hamas.

Retorno às Operações Militares


Depois de quase dois meses de trégua, Israel retomou em meados de março suas operações aéreas e terrestres contra Gaza, onde um bombardeio matou 23 pessoas nesta quarta em um edifício de apartamentos. Os dirigentes israelenses justificam esta nova ofensiva pela necessidade de obrigar o Hamas a devolver os reféns ainda cativos desde o ataque de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

Impacto da Ofensiva


"Vastos setores estão sendo tomados e integrados às zonas de segurança israelenses, reduzindo o tamanho de Gaza e isolando-a ainda mais", declarou Katz. O titular de Defesa fez essas declarações durante visita ao eixo de Morag, criado recentemente por suas forças armadas para separar as cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul do território palestino.
Além disso, Katz instou a população local a derrubar o Hamas e a entregar os reféns, alertando que isso poderia levar a "combates ainda mais intensos em toda a Faixa de Gaza" se não houvesse cumprimento dessa demanda. "É o único meio para pôr fim à guerra", afirmou.

Consequências dos Bombardeios


Horas antes, um bombardeio israelense matou pelo menos 23 palestinos, incluindo oito crianças, no bairro de Shujaiyya da Cidade de Gaza, segundo informações da Defesa Civil da Faixa. "Vários mísseis" caíram sobre um edifício de quatro andares e nas áreas vizinhas, onde muitos deslocados residiam em barracas, conforme relata Ayub Salim, um morador de 26 anos. "Estilhaços voaram em todas as direções", comentou. "Não podíamos ver nada, apenas os gritos e o pânico das pessoas."
Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, confirmou que o ataque resultou em 23 mortes, "entre elas oito crianças e oito mulheres", além de mais de 60 feridos. Em resposta a um pedido da AFP, o Exército israelense justificou o ataque, afirmando que havia "atingido um terrorista do Hamas de alto escalão", cuja identidade não foi revelada, e assegurou ter tomado várias medidas para minimizar os danos aos civis. No entanto, o Hamas condenou o ataque, caracterizando-o como "um dos atos mais atrozes" da ofensiva israelense, que "cometeu um massacre ao bombardear uma área densamente habitada por civis e deslocados".

Reações da Autoridade Palestina


A Autoridade Palestina, que mantém limitações no seu governo na Cisjordânia ocupada, alegou que o ataque se insere em um esforço de Israel para eliminar sistematicamente a população de Gaza, forçando-a a emigrar.

Planos de Emigração Voluntária


Nesse contexto, o ministro Katz declarou nesta quarta-feira que seu governo está implementando a sugestão do presidente americano Donald Trump sobre a "emigração voluntária" dos habitantes de Gaza. Essa proposta, introduzida durante a última trégua entre Israel e Hamas, visa transferir a população de Gaza para a Jordânia e o Egito, além de entregar o controle do território aos Estados Unidos, com a intenção de transformá-lo em um destino turístico de luxo.
Embora a ideia tenha gerado críticas consideráveis na comunidade internacional, o governo israelense a recebeu de maneira favorável.

Restrições e Situação Humanitária


Israel, além de reiniciar suas operações em Gaza, restabeleceu desde o início de março o bloqueio à ajuda humanitária, afetando os 2,4 milhões de habitantes do território. O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou que "a ajuda está se esgotando" no território, que segundo ele se transformou em "um campo da morte".
O Ministério da Saúde do governo do Hamas informou que 1.482 pessoas perderam a vida desde o fim da trégua em Gaza, elevando o total de mortes desde o início da guerra para quase 51.000, conforme balanço considerado confiável pela ONU.
No lado israelense, 1.218 pessoas, a maioria civis, também foram mortas no ataque do Hamas realizado em 7 de outubro. Além disso, 251 indivíduos foram sequestrados, dos quais 58 ainda permanecem em Gaza, embora 34 delas estejam confirmadas como falecidas, segundo o Exército israelense.