Investigação de alunas de medicina revolta família de paciente
10/04/2025, 05:35:07Investigação da Polícia Civil
Duas estudantes de medicina se tornaram alvo de investigação da Polícia Civil de São Paulo após a publicação de um vídeo em que ironizam o tratamento de uma paciente submetida a múltiplos transplantes cardíacos. Conforme apurado pelo Portal iG, a família de Vitória Chaves da Silva, que morreu em fevereiro, reconheceu a jovem como alvo dos comentários e registrou um boletim de ocorrência por injúria. O caso também foi levado ao Ministério Público, com pedido de retratação pública por parte das envolvidas.
Conteúdo do Vídeo e Reações
No vídeo, publicado no TikTok, Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano demonstram espanto com o fato de uma paciente ter recebido três corações e um rim. Sem mencionar nomes, sugerem que a rejeição de um dos órgãos teria ocorrido por negligência da paciente ao deixar de tomar a medicação. O conteúdo, gravado antes da morte de Vitória, causou indignação na família, que tomou conhecimento das imagens apenas semanas depois do falecimento da jovem, por choque séptico e insuficiência renal crônica.
A Contestação da Família
A família contesta a versão das estudantes. Eles afirmam que a rejeição do segundo transplante cardíaco ocorreu devido a uma doença do enxerto, não por falha no tratamento. Os familiares ainda lamentam o impacto da gravação e denunciam o conteúdo como desinformativo, ressaltando que a jovem jamais deixou de seguir as orientações médicas. Além da dor da perda, os parentes relatam sofrimento adicional ao ver a memória de Vitória exposta em tom de deboche.
A História de Vitória
Vitória foi diagnosticada com uma cardiopatia congênita ainda bebê. Enfrentou uma série de complicações ao longo da vida e passou por três transplantes de coração e um de rim. Em 2016, sua cirurgia foi exibida no programa Profissão Repórter, da TV Globo. Anos depois, em 2021, ela voltou a aparecer na mídia, desta vez para relatar a fragilidade de sua condição de saúde e as dificuldades do tratamento. Mesmo hospitalizada, participou do Enem e manteve o desejo de cursar uma faculdade.
Investigação em Andamento
O caso segue em investigação no 14º Distrito Policial de São Paulo, no bairro de Pinheiros. A Secretaria de Segurança Pública confirmou ao Portal iG que a mãe de Vitória já prestou depoimento. O Ministério Público informou ao iG que recebeu uma notícia de fato e que o material está sob análise da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.
Notas das Instituições
Abaixo, as notas enviadas ao Portal iG:
- Faseh: A Faseh informa que o relato mencionado não condiz com os princípios e valores que norteiam a atuação desta Instituição de Ensino, tampouco com o compromisso de uma formação médica, ética e humanizada, que tanto honra nossa atuação. A Faseh lamenta profundamente o ocorrido e solidariza-se com os familiares da paciente.
- Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo: O caso citado é investigado como injúria por meio de inquérito policial instaurado pelo 14° Distrito Policial (Pinheiros).
- Anhembi Morumbi: A Universidade Anhembi Morumbi informa que o relato mencionado não condiz com os princípios e valores que norteiam a atuação desta Instituição de Ensino.
- Ministério Público do Estado de São Paulo: Uma notícia de fato relatando o ocorrido foi protocolada na promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.
- FMUSP: A FMUSP esclarece que as alunas envolvidas na ocorrência são graduandas de outras instituições, que estavam no hospital em função de um curso de extensão de curta duração.