Investigação de alunas de medicina revolta família de paciente

Investigação de alunas de medicina revolta família de paciente

Investigação da Polícia Civil

Duas estudantes de medicina se tornaram alvo de investigação da Polícia Civil de São Paulo após a publicação de um vídeo em que ironizam o tratamento de uma paciente submetida a múltiplos transplantes cardíacos. Conforme apurado pelo Portal iG, a família de Vitória Chaves da Silva, que morreu em fevereiro, reconheceu a jovem como alvo dos comentários e registrou um boletim de ocorrência por injúria. O caso também foi levado ao Ministério Público, com pedido de retratação pública por parte das envolvidas.

Conteúdo do Vídeo e Reações

No vídeo, publicado no TikTok, Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano demonstram espanto com o fato de uma paciente ter recebido três corações e um rim. Sem mencionar nomes, sugerem que a rejeição de um dos órgãos teria ocorrido por negligência da paciente ao deixar de tomar a medicação. O conteúdo, gravado antes da morte de Vitória, causou indignação na família, que tomou conhecimento das imagens apenas semanas depois do falecimento da jovem, por choque séptico e insuficiência renal crônica.

A Contestação da Família

A família contesta a versão das estudantes. Eles afirmam que a rejeição do segundo transplante cardíaco ocorreu devido a uma doença do enxerto, não por falha no tratamento. Os familiares ainda lamentam o impacto da gravação e denunciam o conteúdo como desinformativo, ressaltando que a jovem jamais deixou de seguir as orientações médicas. Além da dor da perda, os parentes relatam sofrimento adicional ao ver a memória de Vitória exposta em tom de deboche.

A História de Vitória

Vitória foi diagnosticada com uma cardiopatia congênita ainda bebê. Enfrentou uma série de complicações ao longo da vida e passou por três transplantes de coração e um de rim. Em 2016, sua cirurgia foi exibida no programa Profissão Repórter, da TV Globo. Anos depois, em 2021, ela voltou a aparecer na mídia, desta vez para relatar a fragilidade de sua condição de saúde e as dificuldades do tratamento. Mesmo hospitalizada, participou do Enem e manteve o desejo de cursar uma faculdade.

Investigação em Andamento

O caso segue em investigação no 14º Distrito Policial de São Paulo, no bairro de Pinheiros. A Secretaria de Segurança Pública confirmou ao Portal iG que a mãe de Vitória já prestou depoimento. O Ministério Público informou ao iG que recebeu uma notícia de fato e que o material está sob análise da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.

Notas das Instituições

Abaixo, as notas enviadas ao Portal iG:

  • Faseh: A Faseh informa que o relato mencionado não condiz com os princípios e valores que norteiam a atuação desta Instituição de Ensino, tampouco com o compromisso de uma formação médica, ética e humanizada, que tanto honra nossa atuação. A Faseh lamenta profundamente o ocorrido e solidariza-se com os familiares da paciente.
  • Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo: O caso citado é investigado como injúria por meio de inquérito policial instaurado pelo 14° Distrito Policial (Pinheiros).
  • Anhembi Morumbi: A Universidade Anhembi Morumbi informa que o relato mencionado não condiz com os princípios e valores que norteiam a atuação desta Instituição de Ensino.
  • Ministério Público do Estado de São Paulo: Uma notícia de fato relatando o ocorrido foi protocolada na promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.
  • FMUSP: A FMUSP esclarece que as alunas envolvidas na ocorrência são graduandas de outras instituições, que estavam no hospital em função de um curso de extensão de curta duração.