Desafios da Inclusão Escolar no Dia Mundial do Autismo

Desafios da Inclusão Escolar no Dia Mundial do Autismo

Os Desafios da Inclusão nas Escolas de Maceió

Muitas escolas não possuem profissionais qualificados para trabalhar com pessoas com TEA.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por déficit de comunicação social e comportamento, mas não impossibilita a aprendizagem quando há acessibilidade e inclusão. Neste dia 2 de abril, celebramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data importante para informar e combater o preconceito contra os portadores do TEA.

Um estudante autista compartilha que o maior desafio enfrentado é o preconceito e a desinformação sobre como lidar com alunos do TEA. Recentemente, pais e mães expressaram sua indignação através de protestos contra uma portaria da Secretaria de Educação do Município (SEMED) que limitava o número de profissionais acompanhantes para alunos com necessidades especiais.

Essa luta é comum para muitos pais, que almejam um mundo mais acolhedor para seus filhos. Ao invés de aceitação, muitas vezes se deparam com frustrações e falta de empatia nas escolas. Na hora da matrícula, tentativas frustradas de garantir uma educação de qualidade para crianças atípicas são comuns.

Além disso, as práticas de bullying e os estereótipos permeiam o dia a dia nas instituições de ensino, complicando ainda mais a inclusão. Apesar da crescente matrícula de estudantes autistas em escolas, muitos obstáculos permanecem na busca por um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo, onde a educação de qualidade e empatia sejam garantidas.

A lei Nº 12.164, de 2012, assegura o direito a um acompanhante especializado para alunos que relatem necessidade, porém o caminho para a inclusão efetiva é árduo e cheio de desafios.

De acordo com Adélia Vertano, mãe e professora de crianças autistas, "na verdade pode-se afirmar que algumas escolas tentam ou se dizem ser inclusivas, no que diz respeito a escolas regulares. Mas a inclusão de fato ocorre mais por parte dos colegas de turma, de alguns professores e profissionais que tentam acolher, se preocupam com as necessidades e têm empatia. A escola como um todo deixa muito a desejar no que diz a lei."

As abordagens educacionais para alunos autistas devem ser adaptadas às suas necessidades individuais. Incluir a pessoa autista na rotina escolar de forma correta é benéfico para sua socialização, autonomia e aprendizagem. Infelizmente, muitas crianças autistas enfrentam dificuldades semelhantes em redes de ensino público e privado.

Profissionais de educação afirmam que, frequentemente, o suporte necessário só é obtido mediante ações judiciais ou reclamações formais. "Embora a legislação garantam os direitos dos alunos com deficiência ao acompanhamento e a métodos adaptados, a implementação prática ainda enfrenta muitos obstáculos", observa Léa Karla, psicopedagoga.

Os desafios enfrentados nas escolas de Maceió incluem: preparo profissional insuficiente para auxiliar no aprendizado, falhas na comunicação entre pais e escola, falta de psicopedagogos, atividades de estimulação inadequadas, preconceito de outros pais e desafios estruturais.

No início de 2025, houve protestos contra uma portaria da SEMED que limitava o número de profissionais acompanhantes nas escolas. Das sete instituições entrevistadas, apenas três afirmaram ter pessoal preparado e infraestrutura adaptada para alunos autistas.

Mônica Ximenes, presidente da Associação de Amigos do Autista (AMA), destaca a importância de um tripé: "Precisamos de pessoas capacitadas, metodologias de ensino adaptadas e, claro, amor e empatia."

A SEMED, por sua vez, informou que disponibiliza 114 Salas de Recursos Multifuncionais para apoiar alunos com necessidades especiais. No entanto, o treinamento para professores ainda é limitado, com apenas 134 dos 7.228 docentes recebendo formação para atuar na educação especializada.

Por fim, a Associação de Amigos do Autista (AMA) oferece um suporte multidisciplinar a crianças e adolescentes com TEA, envolvendo profissionais como psicólogos e educadores físicos. Um setor de apoio considerado vital para as famílias que lidam com essa condição, promovendo orientação e acolhimento.

Os desafios permanecem, mas a luta pela inclusão e pelos direitos dos alunos autistas continua. Não podemos esquecer que a inclusão é um direito e uma necessidade essencial em nossa sociedade.