Atletas de vôlei enfrentam dificuldades em Alagoas

Atletas de vôlei enfrentam dificuldades em Alagoas

O cenário do vôlei alagoano

O vôlei alagoano é conhecido por formar jogadores e até pelas conquistas nacionais, com a seleção e times do estado. Porém, poucos sabem o que os atletas da terra passam para manter o objetivo de serem profissionais. Não existe clube de vôlei profissionalizado no estado, apenas equipes de base e amadoras disputam as competições. Assim como não há atleta hoje no voleibol alagoano que receba salário ou ajuda de custo.

Condições precárias para os atletas

Cleyton, que começou a jogar em 1999, vive o esporte há mais de 25 anos e passou por diversas experiências dentro dele. Ele conta como era a situação quando iniciou no esporte e como está hoje. "Não tínhamos remuneração, apenas uma ajuda de custo, com a passagem e o dinheiro do lanche. Recebíamos também bolsa na escola para estudar. Nenhum time era profissionalizado, como não é até hoje."

Pouca coisa mudou de 2000 para cá. Às vezes, existe a necessidade de o atleta tirar do próprio bolso para participar de algum campeonato, custear a alimentação e até as idas diárias aos treinos. Cleyton destaca que "a falta de remuneração atrapalha muito. Quer queira, quer não, alguns atletas precisam de ajuda. Alguns não têm nem dinheiro da passagem para sair da sua casa."

A rotina desgastante dos jovens atletas

Guilherme Lopes, central da base do CRB, também vive essa realidade. O jogador, de 17 anos, precisou lidar com uma rotina intensa de treinos. Em alguns dias, ele sai de manhã e só retorna para casa no período da noite, o que afetou sua saúde. "Acabei ficando doente, precisando gastar com remédios."

Devido a essa situação, muitos jovens desistem do vôlei e buscam trabalhos que garantam um retorno financeiro mais imediato. Guilherme, por sua vez, tenta encontrar alternativas dentro do esporte para conseguir se manter. Ele afirma: "A solução é procurar outros meios, até dentro do esporte mesmo. Apitando um jogo, por exemplo. Sempre tem outros meios que eu procuro para não deixar o vôlei, mas também ganhar algum dinheiro com o esporte."

Desafios no treinamento

Infelizmente, poucas equipes têm boas condições de treino no estado, e a maioria sofre com a falta de materiais de qualidade, como, por exemplo, uma rede e bolas novas. Higor Spinelli, treinador do projeto Fábrica de Talentos (FCT), enfatiza a necessidade de maior apoio. Ele declara: "Falta enraizar uma cultura com os benefícios do esporte na sociedade brasileira, que ele pode ser a chave para uma evolução da nação. Falta mais abertura das empresas e incentivo para que grandes projetos possam crescer ainda mais."

A paixão que mantém os atletas vivos

Mesmo diante de todas essas dificuldades, muitos jovens atletas permanecem no esporte, alimentando o sonho de alcançar a principal liga do país. Everton Borges, por exemplo, que já chegou a jogar no Minas Tênis Clube, declara: "Eu continuo no voleibol por amor. Continuo vivenciado o esporte como se fosse no início. A cada jogo dá aquele friozinho na barriga. E eu sempre digo a mim mesmo: se eu perder essa sensação de competição, pré-competição, preparação, aquela ânsia de chegar na competição, eu paro de jogar."