Grupo Globo lidera em verba publicitária no governo Lula
19/03/2025, 12:31:51Grupo Globo e Verba Publicitária
Em 2024, os canais de mídia da Globo receberam ao menos R$ 126 milhões para veicular propagandas do governo.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Grupo Globo se mantém à frente na divisão das verbas de publicidade do governo Lula (PT) e com larga vantagem sobre veículos da Record.
Verbas Destinadas
Em 2024, os canais de mídia da Globo receberam ao menos R$ 126 milhões para veicular propagandas do governo e campanhas de interesse público, como ações contra a dengue ou de estímulo à vacinação. O grupo ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, por sua vez, foi o destino de ao menos R$ 52 milhões.
Em total, cerca de R$ 413 milhões foram utilizados em campanhas publicitárias federais, principalmente pela Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência e pelo Ministério da Saúde. Os repasses são feitos pelas agências de publicidade contratadas pelo governo.
Transparência e Detalhes das Verbas
O dado é parcial, pois o governo divulga com lentidão as informações sobre os pagamentos aos veículos de mídia. Além disso, não há detalhes de quanto foi direcionado aos canais por empresas públicas e bancos, como a Petrobras, a Caixa e o Banco do Brasil.
Entre os 10 maiores beneficiados em publicidade em 2024 estão os mesmos veículos que se destacaram no último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), em 2022.
No primeiro ano da gestão Bolsonaro, a Globo chegou a ficar atrás da Record e do SBT na distribuição da verba publicitária. O quadro mudou após o TCU (Tribunal de Contas da União) apontar que faltavam critérios técnicos na distribuição dos anúncios a TVs abertas.
Valores Destinados e Duração
O valor destinado ao Grupo Globo considera principalmente as inserções feitas em canais de TV, além de R$ 1,5 milhão ao site globo.com e propagandas veiculadas na rede CBN.
Já a Jovem Pan praticamente sumiu das campanhas federais em 2023, devido a cortes feitos pelo governo por conta de fake news e possível incentivo a discursos golpistas.
No ano seguinte, os canais de rádio do grupo voltaram a ser priorizados e a empresa se tornou a 11ª no ranking de principais destinos da verba publicitária federal.
Analisando os Gastos do Governo
O levantamento também aponta o Facebook como o quinto principal destino dos anúncios (R$ 10,4 milhões). A rede Kwai, de vídeos curtos, é a 7ª da lista, tendo recebido ao menos R$ 4,48 milhões.
As campanhas da Secom foram responsáveis por pelo menos R$ 227 milhões em inserções publicitárias feitas em 2024. O Ministério da Saúde desembolsou R$ 153 milhões em ações relacionadas à saúde pública.
A campanha "Fé no Brasil" destinada a veículos regionais teve outros R$ 30 milhões em inserções pagas. A Secom também gastou ao menos R$ 10 milhões para promover a campanha do programa Pé-de-Meia.
Na saúde, as ações contra a dengue custaram ao menos R$ 42 milhões em anúncios, refletindo a crise sanitária que levou a críticas ao governo Lula.
Orçamentos e Transparência
Os contratos de publicidade devem chegar a R$ 3,5 bilhões, após o fim de licitações ainda em andamento, conforme mencionado pela Folha de S.Paulo. O valor efetivamente desembolsado por ano depende do orçamento separado por cada órgão.
Os portais de transparência ativa do governo só permitem levantar uma fração da verba destinada aos veículos de imprensa, pois alguns órgãos com grandes contratos de publicidade, como o Banco do Brasil (R$ 750 milhões anuais), não detalham os seus gastos.
Dados da Secom, utilizados em análise recente do TCU, indicam que 10% do custo das campanhas vão para a produção, enquanto 90% são destinados à compra de espaços publicitários.
Os dados da Secom e de ministérios informam que a Folha de S.Paulo recebeu ao menos R$ 607,3 mil em anúncios, O Estado de S. Paulo recebeu R$ 619,2 mil e O Globo recebeu R$ 485,6 mil. Esses periódicos não receberam verbas desses órgãos de 2020 a 2022.
O UOL, que tem participação indireta e minoritária do Grupo Folha, recebeu ao menos R$ 2 milhões com a venda de espaços publicitários ao governo.
Nota da Secom
Em nota, a Secom afirmou que mantém contrato com as agências selecionadas em processo de licitação, ressaltando que as ações publicitárias estão ligadas à missão institucional da pasta, que visa informar a sociedade sobre as políticas do Executivo e divulgar serviços e direitos.