O posicionamento do "cidadão de bem" entre a hipocrisia e a justiça social

A polarização nas redes sociais revela um paradoxo entre a defesa de valores conservadores e a indiferença às lutas dos movimentos sociais, como o MST.

O posicionamento do "cidadão de bem" entre a hipocrisia e a justiça social

Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram um terreno fértil para debates políticos acalorados, onde a polarização se intensifica. Um fenômeno intrigante é a divisão entre aqueles que se autodenominam "cidadãos de bem" e os movimentos sociais, notadamente o Movimento dos Sem Terra (MST). Enquanto muitos se apresentam como defensores da família, da moral e do patriotismo, suas vozes frequentemente se levantam contra aqueles que lutam por direitos fundamentais, como a reforma agrária e a preservação ambiental.

É inegável que existem práticas dos movimentos sociais que ferem o direito de ir e vir, como o bloqueio de rodovias e a ocupação de terras, mesmo que essas últimas sejam improdutivas. Entretanto, surge uma questão pertinente: onde estão as críticas e os comentários rancorosos direcionados aos grandes latifundiários que, através de grilagem, desmatamento e violência, se apropriam de terras que não lhes pertencem? A história está repleta de tragédias, como os assassinatos de Chico Mendes e Dorothy Stang, defensores da terra e do meio ambiente, silenciados por aqueles que se opõem à justiça social.

Curiosamente, os "cidadãos de bem" parecem ignorar esses episódios trágicos. Essa falta de empatia e conhecimento promovida por um energúmeno, revela um padrão de hipocrisia e preconceito, onde a defesa de uma narrativa conservadora se sobrepõe à compreensão das lutas alheias.

As críticas aos movimentos sociais, originadas desse segmento da sociedade, costumam ser embasadas em uma visão distorcida e superficial. Ao invés de buscar entender as razões que levam grupos como o MST a agir, muitos preferem atacar, alimentando um ciclo de ignorância que perpetua a desigualdade e a injustiça. É um paradoxo: enquanto se apresentam como "bons cidadãos", muitos se esquecem dos princípios básicos de solidariedade e respeito aos direitos humanos.

Diante desse cenário, a necessidade de um olhar mais crítico e humanizado para as questões sociais se torna urgente. O verdadeiro patriotismo deve incluir a defesa da justiça social, a proteção do meio ambiente e a valorização da vida. Chegou o momento de refletir sobre o que significa ser um "cidadão de bem" e como essa etiqueta pode, frequentemente, encobrir atitudes que vão na contramão da verdadeira cidadania. A luta por um mundo mais justo e igualitário exige não apenas coragem, mas também empatia e disposição para ouvir e aprender com aqueles que, diariamente, enfrentam as adversidades em busca de seus direitos.

Creditos: Professor Fábio Andrey