Diabetes e o desenvolvimento de superbactérias em pessoas

Diabetes e o desenvolvimento de superbactérias em pessoas

Diabetes e superbactérias: uma nova preocupação


A conclusão é um indicativo da importância do tratamento dessa condição crônica, além de acender um alerta para entender se outras doenças também podem causar efeito parecido nas bactérias.

(FOLHAPRESS) - Os efeitos que a diabetes causa no organismo humano podem proporcionar o desenvolvimento mais rápido de bactérias super resistentes a antibióticos, sugere pesquisa publicada na última quarta-feira (12). Essa descoberta ressalta a importância do tratamento adequado dessa condição, que afeta milhões de pessoas no mundo.

A bactéria analisada foi a Staphylococcus aureus, conhecida por representar um grande risco no problema de saúde global das superbactérias. Esse patógeno impacta especialmente pessoas com diabetes, já que propicia infecções contínuas na pele e tecidos moles desses pacientes, podendo eventualmente chegar à corrente sanguínea e provocar quadros mais graves, que podem ser fatais.

Os pesquisadores realizaram testes com camundongos para analisar a resistência dessa bactéria em contextos de diabetes. Um grupo de animais foi induzido à condição crônica, enquanto outro foi mantido saudável. Durante os testes, os cientistas ficaram surpresos ao observar a rápida evolução da resistência bacteriana aos antibióticos.

Segundo Brian Conlon, professor associado na Universidade da Carolina do Norte, EUA, e um dos autores do estudo publicado na Science Advances, eles não esperavam uma evolução tão rápida da resistência. "Esperávamos que os medicamentos funcionassem de forma diferente, com certeza, mas esperávamos mais no nível de eficácia, não no nível de evolução da resistência [aos antibióticos]. Então isso foi uma surpresa", diz Conlon.

A pesquisa surgiu da tentativa de entender por que os antibióticos muitas vezes falham. A taxa de mortalidade associada às infecções por Staphylococcus é alarmante, chegando a 20% mesmo com a disponibilidade de medicamentos.

"Há coisas no corpo humano que fazem os antibióticos funcionarem razoavelmente bem. Gostamos de olhar para isso como uma oportunidade para talvez modular a resposta imune e fazer os medicamentos funcionarem melhor", explica o professor.

Os pesquisadores repetidamente observaram que não era apenas a diabetes que causava falhas no tratamento, mas que essa condição aumentava as chances de surgimento de superbactérias.

Dois fatores foram identificados como principais razões para essa conclusão. O primeiro é a falta de controle imunológico em pacientes diabéticos, que facilita a proliferação dos patógenos.

Conlon afirma que, "uma vez que esse mutante resistente [aos medicamentos] é visto em um diabético, ele simplesmente cresce como um incêndio sob pressão antibiótica e assume toda a infecção. Enquanto que, em um ambiente de infecção normal, eles não se expandem nem perto da velocidade que fazem em diabéticos". Essa resposta aclara o papel que a diabetes desempenha na evolução da resistência bacteriana.

O segundo fator observado pelos pesquisadores foi a presença elevada de glicose no organismo dos diabéticos. A disponibilidade dessa substância durante as infecções favorece o crescimento das bactérias. "Staphylococcus ama glicose. Durante a infecção, ele realmente luta com o hospedeiro pela glicose [...] e quer colocar em suas mãos o máximo de glicose possível, mas nem sempre está disponível. O hospedeiro sequestra a glicose muito bem às vezes. Mas em um diabético, isso não é possível", explica Conlon.

Essa revelação não apenas destaca os riscos em relação à diabetes, mas também me faz questionar outras condições crônicas, como o HIV, que podem facilitar a proliferação de superbactérias. Conlon e sua equipe já têm planos de realizar um estudo com humanos para investigar a relação entre diabetes e resistência bacteriana.

Essa pesquisa é um alerta para a comunidade médica, reforçando a importância do tratamento eficaz da diabetes e a necessidade de pesquisas contínuas sobre o assunto. É fundamental que as pessoas estejam cientes dos riscos associados à diabetes e considerem a importância do manejo adequado da doença.

Conclusão
A pesquisa sobre diabetes e superbactérias é uma chamada para ação em relação ao tratamento dessa doença crônica. Incentivamos todos os leitores a se informarem mais sobre a diabetes e buscarem formas de cuidar da sua saúde. Compartilhe suas experiências e preocupações nos comentários abaixo!