Funcionários se recusam a seguir ordem de Musk e renunciam

Funcionários se recusam a seguir ordem de Musk e renunciam

Funcionários do Departamento de Eficiência Governamental renunciam

Os funcionários faziam parte do Serviço Digital dos EUA.

BRASÍLIA, DF - Cerca de 20 funcionários federais do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, liderado pelo bilionário Elon Musk, renunciaram nesta terça-feira ao se recusarem a "desmantelar serviços públicos cruciais", de acordo com carta vista pela agência Associated Press.

"Não usaremos nossas habilidades em tecnologia para comprometer sistemas governamentais essenciais, colocar em risco dados sensíveis dos americanos ou desmantelar serviços públicos cruciais. Não emprestaremos nossa expertise para realizar ou legitimar as ações do Doge", escreveram.

Esses trabalhadores haviam sido incorporados ao Doge após a posse de Donald Trump. Cerca de 40 servidores do serviço foram demitidos, e os aproximadamente 65 restantes haviam sido integrados ao novo órgão. Desses, 21 renunciaram recentemente.

A carta dos funcionários também mencionou que várias pessoas utilizando crachás de visitante da Casa Branca, algumas das quais não quiseram se identificar e pareciam ter conhecimento técnico limitado sobre o trabalho realizado pelo Serviço Digital, interrogaram os servidores logo após a posse de Trump. "Vários desses entrevistadores se recusaram a se identificar, fizeram perguntas sobre lealdade política, tentaram colocar colegas uns contra os outros e demonstraram habilidade técnica limitada", afirmaram os servidores na correspondência.

A postura de Elon Musk frente a funcionários federais

Dando continuidade ao plano de revisão do governo federal americano, Musk destacou em uma mensagem no X que os funcionários federais teriam uma segunda chance para responder ao e-mail em que o governo Trump solicita um resumo semanal das realizações dos servidores. O não cumprimento da solicitação acarretaria em demissão.

"Sujeito à discrição do presidente, eles terão outra chance. A falha em responder uma segunda vez resultará em demissão", enfatizou Musk.

Essa postura foi vista como um ultimato por muitos servidores, que notaram que Musk, apesar de estar à frente do Doge, não possui autoridade para tomar decisões de acordo com a Casa Branca.

Enquanto o prazo estabelecido por Musk se aproximava, o escritório de recursos humanos dos EUA (OPM) informou às agências que os trabalhadores poderiam desconsiderar o e-mail. Algumas delas, como o Pentágono, já haviam alertado seus servidores para não responderem.

A Casa Branca não se manifestou sobre as declarações de Musk. Anteriormente, Trump havia comentado que os trabalhadores que não respondessem ao e-mail seriam "meio que semi-demitidos", aumentando assim a incerteza sobre as ações reais da Casa Branca.

A iniciativa de redução de pessoal, liderada por Musk e executada pelo Doge, já resultou na demissão de mais de 20 mil trabalhadores federais. A maioria dessas demissões afetou "funcionários em período probatório", que começaram suas funções há menos de um ano e, portanto, possuem menos proteções legais do que os servidores civis de carreira que compõem a maior parte da força de trabalho federal de 2,3 milhões de servidores.