Bloco Afoxé Filhos de Ghandy é alvo de investigação

Bloco Afoxé Filhos de Ghandy é alvo de investigação

Investigação sobre o Bloco Afoxé Filhos de Ghandy

Após a decisão de proibir a participação de homens trans no desfile de carnaval, o bloco afro Filhos de Gandhy se tornou alvo de uma investigação do Ministério Público da Bahia, que busca apurar indícios de "transfobia". A informação foi confirmada pela promotora Márcia Teixeira, que afirmou: "Essa medida tem um viés transfóbico e um viés discriminatório".

Ação do Ministério Público

O MP da Bahia, por meio de sua primeira promotoria de direitos humanos, deu início a uma apuração sobre o caso, enviando um ofício ao presidente do bloco. O ofício exige que o veto à participação dos homens trans seja revogado em um prazo de 24 horas e que o estatuto social da associação seja encaminhado ao MP.

Repercussão negativa e retrocesso da decisão

Após a repercussão negativa, especialmente entre organizações que defendem os direitos de pessoas trans em todo o Brasil, o bloco Filhos de Gandhy voltou atrás na sua decisão. Contudo, mesmo após a reversão, o MP continuará a investigação sobre possíveis práticas de discriminação ou transfobia.

Posição de organizações LGBTQIA+

A presidenta da Antra, Bruna Benevides, comentou sobre a proibição, afirmando que a ação do bloco fere diversas normas legais, tanto nacionais quanto internacionais, e que essa segregação não deve ser justificada por tradições religiosas. "Está se tentando genitalizar a existência de gênero masculino e feminino. O que isso quer dizer? Que eles só estão reconhecendo como homens aqueles que têm falo", afirmou Benevides.

Declarações do Bloco

O Afoxé Filhos de Gandhy, em comunicado recém-divulgado, mencionou que, segundo o artigo 5º de seu estatuto social, "só poderão ingressar na associação pessoas do sexo masculino cisgênero". Portanto, a venda de passaportes para o desfile era restrita a esse público. Ao longo de suas 76 anos, tradicionalmente, o bloco permitia somente a participação de homens. No entanto, homens trans – pessoas que, embora tenham nascido com o corpo atribuído ao sexo feminino, se identificam como homens – estavam enfrentando proibições para participar do evento.

Mudanças recentes no discurso do bloco

Depois de voltar atrás em sua posição, o bloco Filhos de Gandhy informou que, de acordo com seus preceitos religiosos, é “formado exclusivamente por pessoas do sexo masculino”. Além disso, afirmou ter retirado o termo “masculino cisgênero” de seus documentos, passando a adotar somente "sexo masculino" na ficha de inscrição.