Pobreza e Política: Lula e a Direita entre os Ricos

Pobreza e Política: Lula e a Direita entre os Ricos

A pesquisa Quaest e a identificação política no Brasil


A nova pesquisa realizada pela Quaest revela que a identificação política no Brasil varia significativamente de acordo com a renda. Os dados, divulgados recentemente, mostram que a maior parte da população pobre se identifica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto a direita, incluindo bolsonaristas e não bolsonaristas, tem maior predominância entre as classes altas.

Principais resultados da pesquisa


Segundo a pesquisa, entre os brasileiros menos favorecidos, 28% se declararam lulistas ou petistas. Este número diminui para apenas 16% na classe média e 12% entre os mais ricos. Em contrapartida, a quantidade de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) cresce à medida que se sobe na escala de renda: a adesão entre os mais pobres é de apenas 9%, aumentando para 12% na classe média e alcançando 14% na classe alta.

Além disso, ao somar os apoiadores de Bolsonaro com os eleitores de direita não bolsonaristas, os números revelam que a direita conta com 23% de apoio na classe baixa, 34% na média e 43% na alta. Já se considerarmos os eleitores de Lula e os esquerdistas que não se identificam como lulistas, a rejeição à direita também se faz sentir, com 39% de apoio entre os mais pobres, 31% na classe média e 28% na alta.

Uma tendência à direita nas classes altas


Os resultados dessa pesquisa indicam não apenas uma tendência de apoio à direita nas classes média e alta, mas também que essa adesão não necessariamente se traduz em apoio ao bolsonarismo. Em todas as camadas sociais, a preferencia por ideais de direita superou a preferência por Bolsonaro, especialmente forte na classe alta.

Na esfera da esquerda, Lula se destaca indiscutivelmente entre os mais pobres, com 28% de apoio. Na classe média, a diferença entre Lula e seus opositores diminui, enquanto entre os mais ricos, o apoio a Lula e a outros esquerdistas se torna equilibrado, em um empate técnico.

Desinteresse político e percepção de instituições


A pesquisa também evidenciou que há uma considerável parcela da população que não se posiciona politicamente. Em todos os estratos de renda, a proporção de pessoas que se declaram sem posicionamento político é significativa, contendo 31% na classe baixa, 32% na média e 27% entre os ricos. Isso demonstra que muitos brasileiros não se alinham com os principais espectros políticos, independentemente de sua situação econômica.

O estudo também examinou o interesse dos brasileiros pela política, que tende a aumentar conforme a renda. Na classe baixa, 38% dos entrevistados declararam não ter interesse algum, enquanto essa porcentagem diminui nas classes média e alta para 28% e 21%, respectivamente. Entre os mais interessados na política, a classe alta apresenta o maior número.

Liberdade de expressão e confiança institucional


Um outro ponto explorado foi a divisão entre os cidadãos a respeito da liberdade de expressão. Apesar de a maioria dos participantes defender o direito de se expressar livremente, a rejeição à ofensa aumenta com a renda. A confiança nas instituições, como a Igreja Católica e as Igrejas Evangélicas, permanece alta, mas o Congresso Nacional enfrenta uma percepção negativa, especialmente nas classes mais ricas, onde mais da metade dos entrevistados expressa desconfiança em relação a ele.