A paradoxal situação do governo Lula com números em alta e avaliação em baixa

Apesar de indicadores econômicos favoráveis, o governo enfrenta desafios na percepção popular, especialmente em relação aos preços dos alimentos.

A paradoxal situação do governo Lula com números em alta e avaliação em baixa

A economia frequentemente serve como termômetro para avaliar a performance de um governo e suas chances de reeleição. No caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, essa equação se mostra complexa. Com uma avaliação positiva atingindo apenas 24%, o menor índice em seus três mandatos, Lula enfrenta críticas, mesmo com um cenário econômico que apresenta números robustos.

De acordo com dados do Datafolha, a insatisfação popular em relação à gestão petista gira em torno de aspectos econômicos que, à primeira vista, parecem contradizer as estatísticas. A inflação oficial, que registrou 4,58%, está um pouco acima da meta, mas é consideravelmente inferior aos 10,2% do governo anterior. O dólar, que anteriormente disparou, estabilizou-se em patamares normais, refletindo uma maior confiança no mercado. O desemprego, por sua vez, alcançou a mínima histórica de 6,1%, e o salário mínimo tem visto aumentos que superam a inflação — uma realidade rara nos últimos anos.

Além disso, o crescimento do PIB em 3,5%, a redução da taxa de pobreza a 27,4% e a significativa diminuição da miséria, que agora atinge apenas 4,4% da população, são indicadores que deveriam sinalizar um governo em ascensão. O aumento da renda real das famílias em 7% e o crescimento do consumo em 5,5% reforçam essa narrativa otimista. Setores como a indústria e a agroindústria também registraram crescimento notável, com a indústria apresentando um aumento de 3,6%, e o setor automotivo, uma expansão de 15% nas vendas.

Entretanto, a percepção negativa da população parece estar intimamente ligada à inflação dos alimentos, que atingiu preocupantes 7,69%. Essa realidade afeta diretamente o dia a dia dos brasileiros e explica, em grande parte, a insatisfação com o governo, que corre o risco de ser comparado ao governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro, marcado por um aumento desenfreado nos preços dos alimentos e uma queda acentuada no poder de compra da população.

Para reverter essa situação e melhorar sua imagem, Lula precisará direcionar esforços para controlar os preços dos alimentos e responder às demandas da população. Ignorar esse aspecto poderá resultar em um desgaste significativo, comprometendo não apenas sua gestão, mas suas aspirações futuras. Em um cenário onde a economia parece navegar em águas favoráveis, a habilidade do governo em conectar-se com as preocupações cotidianas do povo será crucial para sua sobrevivência política.

Creditos: Professor Fábio Andrey