Lula quer um governo melhor que em 2010
16/02/2025, 08:24:17
Discurso de Lula em Parauapebas
O mandatário citou o emprego recorde e a oferta de crédito como sinais de que \"alguma coisa está acontecendo nesse país\" e disse que tem o objetivo de fazer um governo melhor do que em 2010, quando registrou recordes de popularidade.
Sem citar a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14), o presidente Lula (PT) exaltou realizações do governo em discurso durante cerimônia de anúncio de investimentos da Vale em Parauapebas (PA). O mandatário citou o emprego recorde e a oferta de crédito como sinais de que \"alguma coisa está acontecendo nesse país\" e disse que tem o objetivo de fazer um governo melhor do que em 2010, quando registrou recordes de popularidade.
A aprovação do presidente caiu em dois meses, de 35% para 24%, atingindo um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%. \"Jamais voltaria a disputar a Presidência do Brasil se não tivesse certeza de que seria melhor do que fui em 2010\", afirmou. \"Eu quero construir um país de trabalhadores bem remunerados, de empreendedores bem-sucedidos.\"
Pesquisas Datafolha daquele ano indicaram níveis de aprovação do presidente acima de 80%. Foi o último ano de seu segundo mandato e a popularidade o ajudou a eleger sua sucessora, Dilma Rousseff. Já a avaliação registrada na pesquisa Datafolha desta sexta é a pior colhida por Lula em sua vida como presidente.
Antes, havia atingido 28% de ótimo e bom em outubro e dezembro de 2005, no auge da crise do mensalão, em seu primeiro mandato (2003-06). O maior índice de ruim e péssimo foi registrado em dezembro passado (34%). Seu terceiro mandato, iniciado em 2023, vinha sendo marcado por uma certa estabilidade na avaliação.
Na média entre nove levantamentos do Datafolha, sua aprovação era de 36% e a reprovação, de 31%. Lula reforçou que o governo está lançando um novo programa de crédito consignado, que permitirá a troca de empréstimos mais caros por taxas de juros mais baratos. \"Dinheiro bom é aquele que vai para o povo, aquele que vai para o trabalhador, aquele que vai para o pequeno produtor rural\", afirmou. \"É pouco dinheiro, mas vai comprar comida, vai comprar sapato, vai levar coisa para a casa dele. É esse dinheiro que gera emprego.\"
A queda na popularidade do presidente demonstra o impacto de crises sucessivas pelas quais passa o governo, sendo a mais visível delas a do Pix. Essa crise ocorreu em janeiro, com a divulgação de que o governo começaria a fiscalizar transações superiores a R$ 5.000 pela modalidade instantânea de transferência bancária. A inflação de alimentos é um foco constante de preocupação, e o presidente não ajudou com declarações como a que sugeriu que as pessoas parassem de comprar comida cara. Se na teoria parece lógico, soou como um lavar de mãos, prontamente aproveitado pela oposição mais ágil.
Com a queda de popularidade, Lula intensificou uma agenda de viagens. Esta semana, ele esteve em Macapá e Belém. Fechou esta sexta em Parauapebas (PA), onde participou de cerimônia de lançamento de investimentos de R$ 70 bilhões da Vale. Esteve acompanhado de oito ministros e do governador do Pará, Helder Barbalho. Na segunda (17), o presidente da República estará em Angra dos Reis (RJ) para um evento em que a Petrobras vai celebrar a retomada de contratações na indústria naval brasileira, uma de suas promessas de campanha.