Exército de Israel planeja saída voluntária de palestinos de Gaza
06/02/2025, 19:16:59Introdução ao plano de saída de Gaza
Na esteira da proposta de Donald Trump para remover os palestinos da Faixa de Gaza, o governo de Israel determinou que o Exército do país prepare um plano para o que chamou de "saída voluntária" da população do território em ruínas.
A medida foi anunciada na quinta-feira (6) pelo ministro da Defesa, Israel Katz, que declarou: "Dei instruções para preparar um plano que permita a saída de qualquer residente de Gaza que deseje, para qualquer país que queira aceitá-los". O plano incluirá opções de saída através de passagens terrestres, além de arranjos especiais para saídas por mar e ar.
Essa proposta foi celebrada por líderes da extrema-direita que apoiam o governo de Binyamin Netanyahu, incluindo o ex-ministro Itamar Ben-Gvir e o titular das Finanças, Bezalel Smotrich.
Reações à proposta
Em entrevista à Fox News, o premiê Netanyahu elogiou a proposta de Trump, que gerou condenação internacional. "Quero dizer, o que há de errado com isso? Eles podem sair e, se desejarem, retornar ou se realocar. Mas é preciso reconstruir Gaza", afirmou.
A ideia é semelhante à abordagem da Casa Branca após os comentários diplomáticos polêmicos de Trump, que sugeriu que os Estados Unidos enviassem tropas para tomar Gaza e transformá-la em uma "Riviera do Mediterrâneo". No entanto, Netanyahu expressou ceticismo quanto ao envio de tropas ou financiamento dos EUA para a reconstrução de Gaza, que enfrenta destruição após os conflitos recentes.
Impacto do conflito e implicações futuras
O conflito resultou em 1.200 mortos no primeiro dia da ação palestina e mais de 47 mil em Gaza nos meses subsequentes, com o cessar-fogo atual iniciado em janeiro. O presidente Lula do Brasil criticou a proposta de Trump, chamando-a de incompreensível e acusando Israel de genocídio em Gaza.
Observadores acreditam que a estratégia de Trump visa forçar negociações a partir de termos maximalistas, pressionando países árabes a participarem ativamente da solução para a Palestina. No entanto, muitos consideram que a proposta reflete uma limpeza étnica, segundo grupos de direitos humanos e a ONU.
Desafios da reconstrução de Gaza
Com aproximadamente 90% dos edifícios de Gaza destruídos, a reconstrução deve durar décadas e exigir investimentos significativos, possivelmente provenientes de petromonarquias do Golfo Pérsico, como o Qatar. O ministro Katz sugeriu que países europeus, como a Espanha, seriam "obrigados legalmente" a aceitar os palestinos, enquanto enfatizava que "a terra dos gazenses é Gaza".
A paz estabelecida entre Israel e os palestinos em 1994, sob os auspícios da ONU, deverá ser reavaliada, uma vez que a Autoridade Nacional Palestina deveria criar um estado na Cisjordânia e em Gaza. Contudo, a colonização israelense da Cisjordânia, acelerada sob Netanyahu, inviabiliza essa solução.
Conclusão
A brutalidade dos eventos de outubro de 2023 deixou marcas profundas em Israel e, enquanto Netanyahu se vê sob pressão nacional e internacional, a proposta de Trump continua a gerar controvérsias. A solução duradoura e pacífica para a questão palestina permanece como um desafio complexo e delicado para a comunidade internacional.