Ataques a embaixadas na RDCongo e crise de fome
29/01/2025, 16:30:06
A crise humanitária na República Democrática do Congo
Recentemente, várias embaixadas, incluindo as do Ruanda, França, Bélgica, Estados Unidos, Uganda e Quênia, foram atacadas em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC). Os ataques ocorreram durante manifestações ligadas ao avanço dos rebeldes do grupo M23 no leste do país. Fontes diplomáticas confirmaram a gravidade da situação.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, classificou os ataques como “inaceitáveis” e destacou que manifestantes incendiaram o edifício da embaixada francesa. Barrot asseverou que estão sendo adotadas todas as medidas necessárias para garantir a segurança do pessoal diplomático.
Condições críticas em Goma
No leste da RDC, a cidade de Goma enfrenta uma severa crise humanitária devido aos combates entre o grupo rebelde M23 e as forças armadas congolesas. A situação se agrava com a escassez de alimentos, alertada pela ONU, através do Programa Alimentar Mundial (PAM). O fechamento do aeroporto local e o bloqueio das principais vias de acesso estão comprometendo ainda mais a assistência humanitária. Shelley Thakral, porta-voz da agência em Kinshasa, alertou que aproximadamente 25% da população de Goma corre risco iminente de morte por fome, caso a situação não seja rapidamente resolvida.
Os confrontos, que já se prolongam por seis dias nas áreas residenciais da cidade, forçaram a ONU a retirar temporariamente equipes não essenciais e suspender a entrega de alimentos à população afetada. Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, relatou que a violência é intensa e muitos corpos foram encontrados espalhados pelas ruas, além de ocorrências de violência sexual e saques em propriedades, hospitais e depósitos de ajuda humanitária.
Condições de vida em deterioração
A infraestrutura básica de Goma foi severamente comprometida. Desde segunda-feira, o acesso à internet foi interrompido, e os serviços de água e eletricidade estão prestes a entrar em colapso. Patrick Youssef, diretor para a África do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), chamou a atenção para o uso de artilharia pesada em áreas densamente povoadas. Um dos hospitais apoiados pelo CICV reportou a chegada de cem feridos em apenas 24 horas, o que levou à criação de uma ala improvisada no estacionamento da instituição.
Além disso, campos que abrigavam cerca de 300 mil deslocados foram esvaziados em poucas horas devido à proximidade dos combates, somando-se aos mais de 1 milhão de habitantes de Goma, que já enfrentam uma infraestrutura instável e serviços sobrecarregados.
Conclusão
Os recentes confrontos em Goma são resultado do fracasso das negociações mediadas por Angola em dezembro entre a RDC e o Ruanda. As tropas ruandesas são acusadas de apoiar os rebeldes do M23, que rapidamente ganharam terreno em direção à cidade no último domingo. A escalada da violência e os ataques a embaixadas demonstram uma situação crítica que requer atenção internacional imediata.