Deportações entre EUA e Colômbia geram tensão política
27/01/2025, 09:03:11Contexto da Tensão Entre EUA e Colômbia
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, teve que tomar uma postura firme em relação às deportações de migrantes colombianos pelos Estados Unidos. Ele afirmou que sempre aceitou receber deportados, mas que não concorda com a forma como essas operações têm sido realizadas, especialmente em voos militares e com os migrantes algemados.
Na última semana, a situação se agravou após a divulgação de imagens de brasileiros sendo deportados em condições desumanas, o que gerou uma intervenção do presidente brasileiro, Lula, que organizou a repatriação pelo transporte aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB). Essa repercussão forçou o governo colombiano a adotar uma posição mais firme em relação às deportações de seus cidadãos pelos EUA.
A Proibição de Voos Militares
Petro anunciou, em uma mensagem na rede social X, que proibiu a entrada de aviões militares dos Estados Unidos com colombianos deportados. Ele fez questão de enfatizar que um migrante não é um criminoso e deve ser tratado com dignidade. "Um migrante não é um criminoso e deve ser tratado com a dignidade que um ser humano merece. É por isso que fiz recuar os aviões militares norte-americanos com migrantes colombianos", declarou.
Retaliação dos EUA e Resposta de Bogotá
Como resultado dessa decisão, o governo norte-americano, liderado por Donald Trump, expressou seu descontentamento e prometeu medidas de retaliação, incluindo tarifas e restrições de vistos. Trump afirmou que a decisão de Petro representava um risco à segurança nacional dos EUA, informando que essas medidas eram apenas o começo.
O governo dos EUA, por meio do secretário de Estado, Marco Rubio, determinou a suspensão da emissão de vistos na Colômbia em resposta às ações do presidente colombiano, que optou por não aceitar voos de repatriamento previamente autorizados.
A Busca por Soluções Amigáveis
Petro, por sua vez, decidiu responder firmemente a essas ameaças, anunciando que a Colômbia tomaria uma posição recíproca em relação às tarifas que Washington impusesse. Ele salientou que a Colômbia não aceitaria ser tratada de maneira desrespeitosa. "O seu bloqueio não me assusta, porque a Colômbia, para além de ser o país da beleza, é o coração do mundo", afirmou.
A Suspensão das Sanções
A tensão aumentou, mas na noite anterior ao fechamento desta reportagem, as notícias indicavam que a Colômbia havia aceitado as condições propostas por Trump para o repatriamento. A Casa Branca anunciou que, com o acordo alcançado, algumas sanções seriam suspensas.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, divulgou que "o Governo colombiano aceitou todas as condições do presidente Trump, incluindo a aceitação irrestrita de todos os estrangeiros ilegais da Colômbia removidos dos Estados Unidos, incluindo a bordo de aviões militares dos EUA, sem limitação ou atraso".
Ela enfatizou que a suspensão da emissão de vistos ainda permaneceria em vigor até que o primeiro voo de deportados colombianos chegasse com sucesso ao país.
Garantias de Dignidade para os Deportados
No entanto, o governo colombiano reafirmou seu compromisso em tratar seus cidadãos deportados com dignidade. O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, durante uma coletiva de imprensa, confirmaram que a Colômbia aceitou as condições de Trump, mas de maneira a garantir que os cidadãos não seriam tratados como criminosos ou tratados de forma degradante.
Ele mencionou: "Continuaremos a receber os colombianos que regressam como deportados, garantindo-lhes condições dignas como cidadãos com direitos".
Esse episódio marca uma nova fase nas relações entre os dois países, que têm uma longa história de colaboração, especialmente nas áreas de controle do narcotráfico e imigração. O futuro dessas negociações continuerá a ser um tema central nas discussões entre autoridades colombianas e norte-americanas.