Defesa de Bolsonaro questiona vazamento de delação e investigações
27/01/2025, 09:06:26
Defesa critica vazamento de delação
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expressou críticas contundentes neste domingo (26) em relação ao vazamento da íntegra da primeira parte da delação do tenente-coronel Mauro Cid, chamando a investigação de "semissecreta". Segundo eles, a falta de acesso completo às informações prejudica o direito à ampla defesa.
Detalhes da delação
O depoimento de Cid à Polícia Federal, que ocorreu em agosto de 2023, foi publicado pelo colunista Elio Gaspari. O tenente-coronel mencionou 20 nomes que, segundo ele, estariam envolvidos na trama golpista, mas a maioria deles ainda não foi indiciada, mais de um ano após o ocorrido.
A nota da defesa, assinada pelos advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Celso Sanchez Vilardi, expressa indignação contra os "vazamentos seletivos". Os advogados alegam: "enquanto nos é negado o acesso legal à integralidade da referida colaboração, seu conteúdo continua a ser repetidamente publicizado em veículos de comunicação".
Consequências do vazamento
Os defensores de Bolsonaro sustentam que a divulgação da delação prejudica a defesa. "Investigações 'semissecretas' são inconsistentes com o Estado democrático de Direito que nosso sistema jurídico busca preservar", ressaltam.
Ainda que alguns aspectos do depoimento de Cid já fossem conhecidos - tendo servido de base para o relatório final da polícia sobre a tentativa de golpe associada a Bolsonaro - a totalidade do documento não tinha sido divulgada anteriormente.
Acusações no depoimento
O ex-presidente é mencionado na delação, onde Cid alega que Bolsonaro considerava duas opções para reverter a derrota nas eleições: uma seria encontrar fraudes nas urnas - o que sua equipe não conseguiu - e a outra, persuadir as Forças Armadas a apoiar um golpe de Estado.
Outro nome citado, o senador Jorge Seif (PL-SC), contestou as declarações de Cid, classificando-as como "falaciosas, absurdas e mentirosas". Ele defende que não houve qualquer indício de que tenha apoiado uma tentativa de golpe, negando qualquer conversa com Bolsonaro sobre intervenções.
Repercussões e posicionamentos
A imprensa tentou entrar em contato com outras figuras mencionadas por Cid, mas sem sucesso. Membros da família Bolsonaro, incluindo a ex-primeira-dama Michelle, ainda não se pronunciaram sobre o caso.
Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres, e outras defesas também rebatem as alegações, questionando a base das acusações e affirmando que a delação apresenta um panorama distorcido da realidade.
Impacto na política
A delação teve um forte eco no cenário político, com a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, se manifestando sobre a gravidade das acusações dirigidas a membros da família Bolsonaro. Já o deputado André Janones (Avante-MG) compartilhou declarações alarmantes sobre possíveis detenções, refletindo o clima tenso em torno desse caso.
A defesa de Filipe Martins, um dos indiciados, afirmou que as acusações carecem de fundamentos concretos, sendo pautadas apenas em suposições. Esse caso segue a ser monitorado de perto à medida que se desenrolam os próximos capítulos da investigação.