Artista plástico morre após casa ser invadida pela chuva
30/01/2025, 13:39:24
Tragédia em meio à tempestade
A forte chuva que caiu em São Paulo, na sexta-feira, 24, provocou a morte do artista plástico Rodolpho Tamanini Netto, de 73 anos, morador de Pinheiros, na zona oeste da capital. A vítima residia na Rua Belmiro Braga, próximo ao Beco do Batman, um famoso ponto turístico de São Paulo, que foi severamente atingido pela tempestade — a terceira maior já registrada na cidade em 64 anos.
A casa de Tamanini foi invadida por uma enxurrada, e ele foi encontrado sem vida na manhã seguinte, sábado, 26. Informações da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP) indicam que um carro, arrastado pela correnteza formada pela forte chuva, colidiu e danificou o portão da casa do artista. Com o portão comprometido, a água conseguiu entrar na residência, levando a tragédia. Um amigo do artista foi checar os danos e encontrou Tamanini já sem vida no interior da sua casa. A Polícia Militar foi acionada para atender à ocorrência, que foi registrada como morte suspeita no 14.º DP, em Pinheiros.
Este foi o 15.º óbito registrado no Estado de São Paulo como parte da Operação Chuvas 2024/2025 da Defesa Civil, que teve início em 1.º de dezembro e se estende até 31 de março.
A perda de um artista
A galeria de arte Jacques Ardies lamentou a morte de Rodolpho Tamanini, descrevendo-o como um indivíduo de "talento único" e "expressão marcante". Nascido em 1951 em São Paulo, Tamanini se inspirava na capital paulista para criar suas obras, além de suas experiências nas praias e paisagens naturais. Em seu site pessoal, ele menciona ser autodidata e ter começado sua trajetória artística aos 17 anos, com suas primeiras exposições datadas de 1971.
Destacando suas qualidades como um observador diligente, Tamanini conseguia capturar cenas do cotidiano que se tornavam parte de suas produções. Uma característica marcante em suas obras era a representação de amplos céus, contrastando com figuras humanas em menor escala, o que proporciona uma sensação de serenidade nas suas paisagens.
"Seus temas são basicamente a cidade de São Paulo, que ele retrata de forma bela e atraente, levando o espectador a se questionar se é a mesma cidade imensa e complexa que conhecemos; as favelas e as paisagens marinhas, onde a imensidão da natureza se opõe à figura humana solitária e diminuta", diz o site que presta homenagem ao artista.
Um cenário de destruição
Além dos alagamentos em estações de metrô, desabamentos e quedas de energia, o temporal que atingiu a capital paulista causou um rastro de destruição em várias regiões da cidade. Na Vila Madalena, a água chegou a três metros de altura, invasão a residências e arrastaram veículos. No dia seguinte à tempesta, alguns carros eram vistos empilhados em diferentes pontos do bairro.
Com ventos intensos, granizo e 82 milímetros de precipitação em apenas uma hora, a chuva alcançou o terceiro maior volume de água já registrado em São Paulo nos últimos 64 anos, conforme dados da Defesa Civil.
Experiências de moradores
Na Rua Romeu Perrotti, outra área de Pinheiros, a força das águas derrubou o muro de um estacionamento, arrastando veículos para dentro de casas vizinhas. Tania Lisa, de 67 anos, contou que a água havia subido a ponto de um carro entrar em sua residência, fazendo com que os moradores perdessem tudo e precisassem sair correndo.
O empreendedor Claus Pita, de 33 anos, relatou que a mesma chuva que invadiu sua casa trouxe também situações inimagináveis. Ele encontrou peixes mortos durante a limpeza da casa e descreveu o momento como um "cenário de apocalipse". Para ele, a experiência de resgatar uma vizinha que não sabia nadar foi uma das mais aterrorizantes, mas ainda assim, ele conseguiu escapar ao se refugiar no telhado.
Previsão do tempo
As previsões meteorológicas para os próximos dias indicam mais temporais no final da tarde e no início da noite, com temperatura abafada. As simulações atmosféricas sugerem que o intenso calor dos dias anteriores deve diminuir em breve. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.