Como o Linkin Park cria suas músicas, segundo Brad Delson

Como o Linkin Park cria suas músicas, segundo Brad Delson
O Linkin Park se notabilizou por uma fusão muito característica de elementos musicais diversos. Tem rock — seja inclinado ao nu metal ou a outros gêneros mais alternativos —, tem hip hop, tem música eletrônica, tem até um pouco de pop… tudo isso em álbuns onde, exceção feita à estreia Hybrid Theory (2000), sempre houve pelo menos um dos integrantes na função de produtor.
Como é o processo autoral desse grupo de sonoridade tão própria? Em entrevista à Guitar World, o guitarrista Brad Delson — atualmente fora das turnês e envolvido apenas com as atividades em estúdio — compartilhou algumas curiosidades a respeito.
A pergunta original era bem mais direcionada: o entrevistador queria saber detalhes da abordagem de Delson enquanto guitarrista em From Zero (2024), álbum que marcou a volta do Linkin Park com os novos integrantes Emily Armstrong (voz) e Colin Brittain (bateria). O comentário do músico, porém, mostrou-se mais geral.
Inicialmente, Brad destacou que tem se aventurado bastante no piano, o que se reflete nas composições oferecidas ao grupo. Também revelou não ter raciocínio de guitarrista, algo notado até mesmo pela ausência de solos nas músicas da banda.
Ele disse:
Ainda de acordo com Delson, o elemento principal das canções do Linkin Park é a voz. As linhas cantadas, em suas palavras, "conduzem o processo criativo"
Curiosamente, Rick Rubin não trabalhou nos discos citados. Ambos foram produzidos por Don Gilmore, notório também pelos trabalhos com Good Charlotte, Hollywood Undead e Trapt, entre outros. No caso de Meteora, a função é coassinada pela própria banda. Rubin esteve envolvido em registros seguintes a estes dois: Minutes to Midnight (2007), A Thousand Suns (2010) e Living Things (2012).
Outro ponto importante no processo de composição do Linkin Park tem a ver com o "termômetro" para saber se uma música é boa o bastante para a banda. De acordo com Brad Delson, uma faixa criada para o grupo "deve ser envolvente mesmo sem vocais".
Isso não quer dizer, contudo, que o instrumental tenha que ser a prioridade. Afinal de contas, como ele mesmo já havia dito, os vocais conduzem o processo criativo. Tal método serve, primordialmente, para identificar uma criação realmente boa.
Como mencionado, Não é completo o envolvimento real de Brad Delson com a atual fase do Linkin Park, reativado com Emily Armstrong (vocais) e Colin Brittain (bateria). O guitarrista, um dos membros fundadores da banda, participa do grupo apenas nas atividades em estúdio, estando fora das turnês.
Ao vivo, Alex Feder ocupa seu lugar. Além dos nomes já citados, o cantor e multi-instrumentista Mike Shinoda, o baixista Dave "Phoenix" Farrell e o DJ Joe Hahn completam a formação.
Será que existe alguma chance de Delson retomar o seu posto nos palcos? E o que ele acha de Feder? Essas questões foram respondidas pelo músico também em entrevista à Guitar World.
Ao ser perguntado se voltaria a realizar apresentações, Brad deu uma declaração enigmática. Sabe-se que ele lida com questões de saúde mental que o levaram a decidir pelo afastamento dos palcos, logo, não seria possível que ele oferecesse uma resposta conclusiva. Porém, ele não fecha portas para a possibilidade, afirmando:
A respeito da chegada de Alex Feder, escolhido pelo próprio, Brad adotou inicialmente um tom brincalhão — "Alex é tão bonito que o mundo não conseguiu resistir a ele [risos]" — e reforçou como o hiato de sete anos do Linkin Park, entre a morte de Chester Bennington e a atual reunião, o fez redefinir prioridades. O guitarrista comentou:
Delson definiu Feder como seu "sósia viajante do mundo" e disse que o colega "traz muito para o show". Também o definiu como "um músico incrível e um forte guitarrista ao vivo". E deixou claro: embora não esteja se apresentando mais, ajudou a criar o conceito do espetáculo que está sendo levado a todo o mundo.
Em novembro, Mike Shinoda concedeu entrevista ao Zach Sang Show (via Blabbermouth) e, ao discutir a chegada de Colin Brittain, acabou compartilhando algumas informações adicionais sobre Brad Delson.
Inicialmente, Mike comentou que Colin seria apenas um dos compositores e produtores de From Zero. Todavia, o fato de o baterista original Rob Bourdon ter optado por não se envolver com a reativação do grupo fez com que uma vaga surgisse.
Em seguida, a situação de Delson foi mencionada. De acordo com Shinoda, o guitarrista lida com questões de saúde mental que o impedem de realizar turnês.
A chegada de Alex Feder, inclusive, foi uma escolha de Brad Delson. Contudo, por um momento, ofereceu-se a possibilidade de Brittain se tornar o guitarrista em turnês e não o baterista efetivo. Mike declara:
Além de ter realizado uma curta série de shows em 2024 — dois deles com ingressos esgotados em São Paulo, no último mês de novembro —, o Linkin Park lançou um novo álbum com Emily Armstrong e Colin Brittain. From Zero chegou também no mês passado e obteve ótima repercussão.
O disco atingiu a primeira posição nas paradas de 15 países, incluindo Reino Unido, Alemanha, Austrália, França e Portugal. Houve apenas uma "pedra no sapato" no mercado fonográfico mais importante do mundo, os Estados Unidos, onde ficaram em 2º lugar — o EP Golden Hour: Part.2, do grupo de k-pop Ateez, conquistou o reconhecimento mais alto.
Mesmo não obtendo o primeiro lugar nos Estados Unidos, From Zero foi o álbum de rock que atingiu a posição mais alta nas paradas gerais nacionais em 2024. A última vez que um disco do estilo abocanhou o topo do ranking se deu em novembro do ano passado, com One More Time…, do Blink-182.
O Linkin Park retoma a From Zero World Tour na Cidade do México, em 31 de janeiro. Passando por vários continentes, o grupo encerra a agenda com mais quatro apresentações no Brasil, no Rio de Janeiro (08/11), São Paulo (10/11), Brasília (13/11) e Porto Alegre (15/11). Ainda não há ingressos à venda.
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