A manobra política de Rodrigo Cunha e a desilusão do povo arapiraquense

A trajetória promissora do ex-senador se transforma em um jogo de interesses, deixando a população de Arapiraca em dúvida sobre sua representação e compromisso.

A manobra política de Rodrigo Cunha e a desilusão do povo arapiraquense

A sociedade arapiraquense, que em 2019 celebrou a ascensão de Rodrigo Cunha ao Senado Federal, agora se vê diante de um cenário de desapontamento e desconfiança. A expectativa gerada pela eleição de um conterrâneo, que deu início à  sua história ao conquistar uma vaga para a Casa de Tavares Bastos em 2015, foi rapidamente ofuscada por manobras políticas que parecem ignorar o eleitor que confiou seu voto a ele.

Cunha, filho de Ceci Cunha, ex-deputada federal assassinada em 1998, simbolizava a esperança de Arapiraca em ter uma voz forte na política nacional. No entanto, a decisão de abandonar seu mandato senatorial para se tornar vice-prefeito de Maceió, em uma movimentação que parece mais um jogo de xadrez político do que uma preocupação genuína com os interesses da população, deixou muitos questionando: onde está a representatividade do povo de Arapiraca nesse arranjo?

A transição de Cunha para a vice-prefeitura, com a cadeira no Senado sendo "doada" à mãe do prefeito JHC, Eudócia Caldas, representa uma mudança de prioridades que não leva em consideração a vontade do eleitor. A sociedade arapiraquense, que antes vibrava com as conquistas de Cunha, agora se pergunta sobre seu papel na política local. O que significa essa troca de cargos e interesses para aqueles que confiaram suas esperanças a ele?

A jogada política de Cunha se insere em um contexto de disputa acirrada entre JHC e Renan Filho para o governo do Estado, trazendo à tona um dilema: a vitória de JHC poderia resultar em uma nova ascensão para Cunha, que, em caso de sucesso, poderia vir a assumir a Prefeitura de Maceió. Mas a pergunta que ecoa entre os arapiraquenses é se essa ambição política está acima das necessidades e anseios da população, que viu seu representante mudar de lado sem consultar aqueles que o elegeram.

A falta de diálogo e a sensação de traição são palpáveis em Arapiraca, onde o eleitor se sente mais como um peão em um jogo de xadrez do que como um agente ativo na construção de seu futuro político. A sociedade arapiraquense merece uma representação que vá além da busca por poder e cargos, uma representação que escute e valorize a voz do povo.

Neste momento de crise de confiança, a população de Arapiraca deve refletir sobre seu papel na política e exigir um maior compromisso de seus representantes. Afinal, a verdadeira política deve ser um reflexo das necessidades e aspirações de quem vai às urnas, e não um mero jogo de interesses entre elites políticas.

Creditos: Professor Fábio Andrey