Como fica o Brasil após a vitória de Donald Trump nos EUA

Geopolítica mundial será afetada com vitória de Donald Trump e o tempo dirá o que está por vir

Como fica o Brasil após a vitória de Donald Trump nos EUA

A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos impactou o Brasil em várias frentes, tanto no âmbito econômico quanto político. Em seu primeiro mandato, Trump introduziu políticas protecionistas e uma postura de pressão sobre parceiros comerciais, o que ocorreu nas adaptações dos países latino-americanos. Uma nova vitória de Trump poderá significar mais desafios para o Brasil, especialmente em áreas como comércio, meio ambiente e relações internacionais.

Relações Comerciais: Brasil X EUA

Com Trump, a relação entre Brasil e EUA tende a se pautar pela lógica do “América Primeiro”, onde ele buscará proteger a indústria americana e reduzir o déficit comercial com seus parceiros. O Brasil, que tradicionalmente exporta commodities agrícolas e minerais para os Estados Unidos, pode enfrentar tarifas mais altas, cotas e outras barreiras, o que pode afetar a balança comercial. Esse impacto seria ainda mais evidente se o Brasil não estiver em posição de negociar de forma firme, algo difícil se o governo brasileiro estiver alinhado ideologicamente e evitar confrontos.

Outro ponto delicado é o impacto no agronegócio. Os Estados Unidos são grandes exportadores agrícolas e competem diretamente com o Brasil. Se Trump retornar à Casa Branca, ele poderá buscar produtos americanos e limitadamente, afetando os interesses brasileiros. Além disso, sua estratégia protecionista pode fortalecer políticas de subsídios agrícolas, gerando um impacto indireto nos preços globais e dificultando a competitividade dos produtos brasileiros.

Meio Ambiente e Mudança Climática

Sem aspecto ambiental, o Brasil tem muito a perder. Trump é conhecido por seu ceticismo em relação às mudanças climáticas e já retirou os EUA do Acordo de Paris em seu primeiro mandato, o que enfraqueceu o pacto global. Se ele assumir o poder novamente, é possível que ele adote uma postura ainda mais permissiva em relação às emissões e ao uso dos recursos naturais.

Essa postura pode criar setores internos no Brasil para flexibilizar o controle sobre a Amazônia e outras áreas preservadas. Um cenário em que ambos os países estejam menos comprometidos com questões ambientais pode aumentar o desmatamento e comprometer a imagem do Brasil, que já enfrenta pressão internacional. Essa falta de compromisso com o meio ambiente pode, inclusive, afetar acordos comerciais com outras regiões, como a União Europeia, que exigem garantias de sustentabilidade para negociar com o Mercosul.

Relações Geopolíticas: Brasil e China

Outro ponto sensível é a relação com a China, principal parceiro comercial do Brasil. Trump é um crítico contumaz da China e pode adotar uma postura de isolamento e contenção em relação ao país asiático, buscando aliados para limitar a expansão chinesa. O Brasil, que tem a China como principal compradora de produtos como soja e minérios de ferro, ficaria em uma posição delicada.

Caso o governo brasileiro decida se alinhar com a política americana, pode acabar gerando desconforto com a China e correndo o risco de perder oportunidades econômicas. Por outro lado, um distanciamento de Trump e dos EUA para manter o bom relacionamento com a China poderia resultar em avaliações ou em uma diminuição da cooperação em outras áreas.

Segurança e Política Externa

Trump também poderia influenciar o Brasil na questão da segurança. Sua política externa costuma ser marcada por um pragmatismo mais agressivo, que pode pressionar o Brasil a se posicionar em questões de defesa e alinhamento militar. A influência dos EUA na América Latina poderia ser ainda mais acentuada, levando o Brasil a adotar políticas mais alinhadas com os interesses americanos em temas como segurança e defesa.

Impacto Interno: o Cenário Político Brasileiro

Internamente, a vitória de Trump provavelmente será celebrada por alguns setores conservadores brasileiros, que veem nele uma figura de resistência ao chamado “globalismo” e uma inspiração para o combate à esquerda. No entanto, esse apoio pode polarizar ainda mais a sociedade brasileira e intensificar os conflitos internos, especialmente se o governo brasileiro adotar políticas mais alinhadas com a administração americana. Esse cenário de polarização também pode afetar a economia interna, que depende da estabilidade política para crescer.

Em resumo, a volta de Donald Trump à Casa Branca traria desafios complexos para o Brasil. Em uma relação em que as prioridades americanas não são claras ou podem ser voláteis, o Brasil precisará se equilibrar entre uma postura independente e as possíveis pressões políticas e econômicas. Resta ao Brasil tentar manter uma relação pragmática e diversificada, que leve em consideração não apenas o que é vantajoso no curto prazo, mas o que possa garantir estabilidade e crescimento em um cenário global cada vez mais incerto.

Creditos: Raul Rodrigues