A complexa admiração de uma pessoa marginalizada por seu opressor

A Síndrome de Estocolmo descrita por Nils Bejerot é a única e plausível explicação

 A complexa admiração de uma pessoa marginalizada por seu opressor

Vivemos em um país onde a liberdade de expressão é um direito fundamental, resguardado pela Constituição e celebrado em diversas esferas da sociedade. As ações dos cidadãos são respeitadas, desde que estejam dentro dos limites da lei, mesmo que não concordemos com elas. É nesse contexto que me permito discordar de algumas manifestações, especialmente aquelas relacionadas a figuras públicas que, por suas posições e discursos, geram polêmica e debate.

Um exemplo que tem se destacado é a figura de Jojó Todynho, subcelebridade que se tornou conhecida pela música "Que tiro foi esse?". Sua devoção ao ex-presidente Jair Bolsonaro levanta questões relevantes sobre a relação entre a identidade e a política no Brasil. O leitor pode se perguntar: por que criticar a admiração de Todynho por Bolsonaro? A resposta está nas contradições que essa relação representa.

Jojó Todynho representa uma parte da sociedade que, historicamente, tem enfrentado preconceitos e marginalização. Ela é negra, favelada, mulher e obesa—características que, em diversos momentos, foram alvo de desdém e aversão por parte de Bolsonaro em seus discursos. O ex-presidente frequentemente se utilizou de uma retórica que rechaça essas identidades, promovendo uma visão de sociedade que exclui e discrimina.

Nesse cenário, a admiração de Todynho por Bolsonaro pode ser compreendida através de uma lente psicológica conhecida como síndrome de Estocolmo. Essa condição refere-se ao fenômeno em que a vítima desenvolve uma afeição por seu agressor, muitas vezes como uma forma de sobrevivência emocional. No caso da cantora, essa relação pode parecer absurda, mas é um reflexo de como algumas pessoas podem se apegar a figuras que, em teoria, deveriam ser vistas como opressoras.

A situação de Jojó Todynho não é única; ela encontra eco em muitas outras vozes, inclusive em cidades como Penedo. A admiração por figuras bizarras feito Bolsonaro por parte de pessoas que representam segmentos marginalizadas, merece ser analisada com cuidado,  pois revela a complexidade do sentimento dos detentores da citada síndrome.

Creditos: Professor Fábio Andrey