Maldição dos Kennedy: as tragédias que marcam poderosa família dos EUA

Maldição dos Kennedy: as tragédias que marcam poderosa família dos EUA
Eles passaram pouco tempo na Casa Branca. Mas muitos consideram JFK - John F. Kennedy (1917-1963) - e sua esposa Jacqueline Bouvier Kennedy (1929-1994) o casal presidencial mais icônico da história dos Estados Unidos.
Em 2017, um estudo da organização não partidária InsideGov considerou os Kennedy como o sexto casamento mais poderoso a chegar ao governo americano.
Como fenômeno político, o governo de JFK representou uma renovação, injetando energia renovada e um certo otimismo para o país. E também significou o ápice de toda uma dinastia.
O pai de JFK, Joseph P. Kennedy (1888-1969), foi um empresário milionário de origem irlandesa. Nascido em uma poderosa família da Nova Inglaterra, no nordeste americano, ele chegou a ser embaixador no Reino Unido durante a presidência de Franklin D. Roosevelt (1882-1945).
Em 1914, ele se casou com Rose Elizabeth Fitzgerald (1890-1995), filha de um ex-prefeito de Boston, no Estado americano de Massachusetts. Ela pertencia à classe privilegiada de raízes católicas da cidade. E, em 1951, foi nomeada condessa pelo papa Pio 12 (1876-1958).
O casal teve nove filhos, mas diversos dos seus descendentes tiveram fim prematuro.
A mais recente tragédia da família aconteceu no dia 1º de agosto de 2019, quando Saoirse Kennedy Hill - uma das netas de Robert F. Kennedy (1925-1968), irmão de JFK - morreu de overdose, com apenas 22 anos.
Mas a morte da jovem foi apenas um dos vários eventos traumáticos sofridos pela família, que formaram o que a opinião pública americana chama de "a maldição dos Kennedy".
A seguir, conheça outros eventos trágicos que marcaram a família.
Rosemary Kennedy (1918-2005) foi a terceira dos nove filhos de Joseph P. Kennedy e Rose Elizabeth Fitzgerald. Era a mais velha das cinco meninas.
Aparentemente por erros médicos cometidos durante o parto, Rosemary sofreu falta de oxigênio no cérebro. Por isso, ela cresceu com incapacidades intelectuais, segundo revelou uma de suas irmãs, muitos anos depois.
Desde pequena, ficou claro que ela tinha dificuldades de aprendizado. Mas a família tentou ocultar a deficiência, para evitar o estigma de ser associada a "genes defeituosos".
Em 1941, com apenas 23 anos, seu pai decidiu submetê-la a uma lobotomia - uma nova operação "psicocirúrgica", que consistia na separação ou eliminação das vias entre os lobos do cérebro. Acreditava-se que este procedimento poderia curar muitas doenças.
Mas o resultado foi desastroso. Rosemary ficou sem poder caminhar, nem falar. Ela viveu por mais 64 anos, escondida em instituições de saúde, precisando de atenção em tempo integral.
Três anos depois da operação de Rosemary, seu irmão mais velho, Joe Kennedy Jr. (1915-1944), morreu em combate como piloto, enquanto participava de uma operação secreta durante a Segunda Guerra Mundial.
Joe Jr. havia se oferecido como voluntário para transportar uma enorme carga de explosivos que seria lançada em um local próximo ao porto de Calais, na França. Lá, os nazistas mantinham mísseis potentes, usados nas suas campanhas aéreas durante a guerra.
Mas seu avião explodiu durante o voo. O primogênito dos Kennedy tinha então 29 anos e seus restos mortais nunca foram encontrados.
Sua morte prematura fez com que ele fosse o único dos quatro irmãos homens que nunca entrou na política, apesar das suas aspirações. Ele (não o irmão, JFK) tinha sido preparado pelo pai para se tornar presidente dos Estados Unidos.
John F. Kennedy Jr. (1960-1999), filho homem mais velho de JFK e Jacqueline Bouvier Kennedy, morreu em 16 de julho de 1999.
O pequeno avião que ele pilotava caiu no Oceano Atlântico a cerca de 12 km da ilha Martha's Vineyard, em Massachusetts.
John-John, como era conhecido, era um homem carismático e tinha 38 anos. Com ele, morreram sua esposa, Carolyn Bessette, de 33 anos, e sua cunhada, Lauren Bessette, de 34 anos.
A morte teve grande impacto, não só pelo acidente terrível, mas porque John-John recebia atenção da imprensa americana praticamente desde que nasceu.
E John-John e seu tio Joe Jr. não foram os únicos da família que perderam a vida em acidentes aéreos.
Kathleen Kennedy (1920-1948), a segunda irmã mais velha de JFK, morreu voando para o sul da França com seu namorado, o militar e aristocrata britânico William Wentworth-Fitzwilliam (1910-1948).
"Kick", como era carinhosamente chamada, ostentava o título de marquesa de Hartington. Ela havia se casado, quatro anos antes, com William John Robert Cavendish (1917-1944), herdeiro do Ducado de Devonshire, no Reino Unido.
Mas a jovem ficou viúva muito cedo. Apenas quatro meses depois do casamento, seu marido morreu em ação, quando sua companhia tentava tomar dos nazistas o controle da cidade belga de Heppen, durante a Segunda Guerra Mundial.
O sonho de Joseph P. Kennedy de ter um filho na Casa Branca foi realizado com JFK.
Durante seu curto mandato, o presidente estabeleceu a meta de que os Estados Unidos deveriam chegar à Lua antes do final da década de 1960. E também coube a ele administrar a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, que colocou o mundo à beira da Terceira Guerra Mundial, em 1962.
No dia 22 de novembro de 1963, faltando dois meses para completar três anos de mandato, JFK foi assassinado na cidade de Dallas, no Estado americano do Texas. Ele desfilava com sua esposa em um carro conversível.
As autoridades detiveram e acusaram como responsável o ex-fuzileiro naval americano Lee Harvey Oswald (1939-1963). Depois de servir nas forças armadas americanas, Oswald havia morado por dois anos na União Soviética.
Dois dias depois da morte de JFK, Oswald foi assassinado enquanto era transferido pelos estacionamentos subterrâneos do quartel da polícia de Dallas.
O incidente deu origem a uma infinidade de conjecturas sobre uma possível conspiração por trás do assassinato do presidente.
Em junho de 1968, Robert Kennedy - um dos irmãos mais novos de JFK e pré-candidato à presidência americana pelo Partido Democrata - foi assassinado na cozinha do Ambassador Hotel, em Los Angeles (Califórnia, EUA), durante uma visita como parte da campanha.
Robert Kennedy havia sido procurador-geral durante o governo do irmão e eleito senador em seguida. Ele era considerado líder do movimento pelos direitos civis.
Ele foi assassinado pelo imigrante palestino Sirhan Sirhan, que declarou ter atacado o candidato devido ao apoio de Kennedy ao Estado de Israel.
"Deixem-me explicar. Posso explicar. Fiz pelo meu país. Amo o meu país", gritou Sirhan, ao ser detido.
Posteriormente, ele afirmou que a confissão durante o julgamento foi fruto das pressões do seu advogado de defesa e que não se lembrava do momento do tiroteio.
Apesar das numerosas teorias da conspiração que surgiram na época, não há dúvidas sobre sua participação no ocorrido.
Em 1969, Edward "Ted" Kennedy (1932-2009) - irmão mais novo de JFK - sofreu um acidente automobilístico na ilha de Chappaquiddick, na Nova Inglaterra, que resultou na morte de Mary Jo Kopechne (1940-1969).
Eles voltavam de uma festa, quando o carro dirigido por Ted saiu da estrada em uma ponte estreita e caiu em um rio.
Embora a mulher tenha morrido no acidente, Kennedy conseguiu escapar com vida, mas só informou as autoridades na manhã seguinte, cerca de oito horas depois do ocorrido.
Na época, Kennedy era senador por Massachusetts. Ele fez posteriormente um discurso na televisão, assumindo a responsabilidade pelo acidente. Ele negou ter qualquer tipo de relação inadequada com Kopechne e afirmou que, no momento do acidente, não estava sob influência de álcool.
Perante a justiça, Kennedy se declarou culpado por ter abandonado o local onde ocorreu o acidente e foi condenado a uma pena suspensa de dois meses de prisão.
Ted Kennedy conseguiu evitar a cadeia, mas este evento permaneceria como uma sombra ao longo de toda a sua carreira política.