Crise de segurança no Equador pode se repetir no Brasil ? Entenda

Crise de segurança no Equador pode se repetir no Brasil ? Entenda
A onda de violência que atinge o Equador desde o último domingo, 7, tem gerado debates entre usuários nas redes sociais e especialistas na área de segurança pública, sobre a possibilidade de que eventos semelhantes ocorram no Brasil.
Apesar das particularidades históricas que diferem os dois países, especialmente com relação à expansão e formação das facções criminosas, o modus operandi do crime organizado tanto no Brasil quanto no Equador se assemelham, especialmente com relação a capacidade de atuação e articulação. A avaliação é do professor Fernando Jose Ludwig, especializado em segurança internacional.
"A coerção, o uso da violência extrema, a coerção sobre os agentes públicos, e a  própria incapacidade do Estado nos dois países em lidar com esses grupos criminosos", pontua. 
Não por acaso, assim como no Equador, o Brasil já viveu episódios de violência que também paralisaram cidades e até mesmo estados.
"Já aconteceram episódios no Brasil e vão continuar acontecendo. Por exemplo, em 2006 quando o PCC fez os ataques em São Paulo", diz. 
Em maio de 2006, a maior cidade do País parou devido aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC). Na ocasião, o grupo criminoso agiu como retaliação contra as forças de segurança do estado após a transferência de membros da facção para uma penitenciária de segurança máxima.
Segundo um levantamento realizado pela Conectas Direitos Humanos em parceria com o Laboratório da Análise da Violência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 564 pessoas foram baleadas e mortas durante a onda de violência que ocorreu naquele período de 30 dias. 
Outro ponto em comum entre os grupos criminosos dos dois países, na análise de Ludwig, é a capacidade de domínio territorial do crime organizado. No Rio de Janeiro, por exemplo, 57% da área total da cidade é controlada pela milícia, conforme levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), coordenado por Daniel Hirata.
"O avanço da milícia decorre de diversos fatores, sendo um deles a ausência de políticas de Estado que abordam o problema de maneira estrutural. Até agora, observamos apenas medidas paliativas na área de segurança. A questão do Paes não é nova, já acontecia antes", explica Hirata. 
Durante esta semana, o prefeito Eduardo Paes usou as redes sociais para denunciar que criminosos exigiram o pagamento de uma taxa de R$ 500 mil para permitir a continuidade das obras do Parque Piedade, em construção na Zona Norte do Rio, na última terça-feira, 9.
Segundo o prefeito, a extorsão foi direcionada diretamente à empreiteira encarregada da construção. Paes informou que os criminosos ameaçaram interromper as obras caso o pagamento não fosse efetuado.
Apesar das semelhanças, não é possível afirmar que a crise de segurança equatoriana poderá se repetir no Brasil, dado que o Equador possui particularidades políticas, geográficas e econômicas, incluindo a influência da Colômbia - que resultou na expansão dos cartéis de Medellín para os territórios equatorianos após o desmantelamento das facções colombianas na década de 90.
" A crise do Equador é consequência de diversos fatores. O Equador, por exemplo, é hub de distribuição de drogas. Tem que analisar tudo isso", pondera Ludwig.