Sem controle do MDB, Renan Calheiros não consegue enquadrar ‘rebeldes’

Sem controle do MDB, Renan Calheiros não consegue enquadrar ‘rebeldes’
Pela primeira vez em décadas, a palavra do senador Renan Calheiros deixou de ser uma ordem no MDB de Maceió. Ele não consegue trazer para a oposição todo o partido na capital para barrar o crescimento do prefeito JHC (PL) nem tem um candidato à altura para enfraquecer Jota. E monta um complicado xadrez para arrastar a votação ao 2º turno.


A crise do calheirismo começou ainda no governo Renan Filho (2015-2022) quando ele perdeu a disputa pelo comando da Assembleia Legislativa e tentou inviabilizar o nome de Luciano Barbosa (então vice-governador) à Prefeitura de Arapiraca. O diretório do MDB arapiraquense blindou Barbosa e o eleitor lhe deu uma vitória acachapante: 54,56%. Renan-pai não queria Luciano Barbosa prefeito de Arapiraca, assim como não quis um aliado do prefeito JHC dirigindo o MDB na capital.
A prática foi diferente. Numa demonstração pública de falta de sintonia entre Renan e o MDB-Maceió, existem apenas dois vereadores do partido na oposição a JHC: Fernando Holanda e Zé Márcio. Kelmann Vieira é do Podemos, mas deu a palavra a Renan que vai se filiar ao MDB em 2024, quando se abrirem as janelas da infidelidade, permitindo o troca-troca de legendas. Joãozinho e Teca Nelma, também da oposição, são do PSD.
Teca recolhe assinaturas para instalar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a transação extrajudicial assinada entre JHC e a direção da Braskem, que pagou R$ 1,7 bilhão pelos prejuízos causados na exploração de sal-gema, resultando no afundamento de 5 bairros na capital.
Do MDB, só Holanda e Márcio assinaram. Nova desmoralização a Rafael Brito, que não consegue se impor como líder do MDB-Maceió.
Tratado como novidade da política, Tio Rafa foi um candidato caro. Deixou a Secretaria Estadual de Educação direto para as urnas. O MDB investiu R$ 400 mil em sua campanha a federal. Outros R$ 300 mil vieram da campanha de Renan Filho, que disputou e ganhou o Senado.
Foi o sexto mais votado nas urnas de Maceió, enfrentando a poderosa onda conservadora que elegeu seus colegas de parlamento Alfredo Gaspar de Mendonça (do União Brasil, mais votado em Maceió) e o Delegado Fábio Costa (do PP, terceiro mais votado).
O segundo mais votado, não eleito, foi Doutor JHC, irmão do prefeito, de base fortemente evangélica e posições que reforçam a constelação do tradicionalismo familiar do passado, sem se meter em polêmicas. Foi acusado de agredir a esposa numa história com direito a delegacia, a presença no local de Fábio Costa passando panos quentes, muitas situações pouco explicadas e, finalmente, a troca de palavras de afeto entre marido e mulher nas redes sociais, tratando o caso como fake news.