O que se sabe sobre contra-ataque da Ucrânia que Rússia diz ter causado dezenas de mortos e feridos

O que se sabe sobre contra-ataque da Ucrânia que Rússia diz ter causado dezenas de mortos e feridos
A Ucrânia realizou uma série de ataques com drones e mísseis contra alvos no sudoeste da Rússia entre sexta-feira (29/12) e sábado que deixaram dezenas de mortos e feridos, de acordo com informações de autoridades russas.
Horas depois, a Rússia lançou um novo ataque aéreo na Ucrânia, especialmente na cidade de Kharkiv, no leste do país.
A Força Aérea ucraniana informou ter destruído 21 dos 49 drones russos lançados durante a noite de sábado (30/12), com a maioria dos ataques direcionados às regiões de Kharkiv, Kherson, Mykolaiv e Zaporizhzhia.
O conflito está prestes a completar dois anos.
Já Ministério de Emergências da Rússia afirma que pelo menos 24 pessoas, incluindo três crianças, morreram e mais de 110 ficaram feridas na cidade de Belgorod, que fica aproximadamente a 600 km de Moscou.
As operações ucranianas foram lançadas após investidas russas matarem na sexta-feira (29/12) 39 pessoas na Ucrânia e ferirem quase 160, segundo o presidente Volodymyr Zelensky. Várias cidades ucranianas foram atingidas, incluindo a capital, Kiev.
Esses ataques foram descritos por Kiev como o maior bombardeio de mísseis da Rússia durante a guerra contra a Ucrânia até o momento.
Uma fonte da área de segurança no governo ucraniano disse à BBC News que as operações de contra-ataque utilizaram mais de 70 drones e que apenas a infraestrutura militar foi alvo.
Teria sido atingida também uma fábrica russa na região de Briansk usada para produzir equipamentos militares, como mísseis de longo alcance e sistemas antiaéreos.
Mas o enviado russo à ONU, Vasily Nebenzya, acusou as forças ucranianas de lançar um "ataque deliberado, indiscriminado, contra um alvo civil".
Uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU foi convocada neste sábado a pedido da Rússia.
O vice-secretário-geral das Nações Unidas, Mohamed Khiari, condenou fortemente os ataques dos dois lados e disse que ofensivas direcionadas a civis violam a lei internacional.
O porta-voz da presidência da Rússia disse que o presidente Vladimir Putin foi informado da ofensiva.
O governo russo declarou que conseguiu interceptar e destruir dezenas de mísseis e drones disparados a partir da Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo declarou no sábado que 13 mísseis foram destruídos em toda a região durante a noite e que 32 drones foram abatidos nas regiões de Bryansk, Oryol, Kursk e Moscou.
O governador da região de Briansk disse que dois vilarejos foram alvo e que uma criança foi morta. Na vizinha Belgorod, autoridades afirmaram que os ataques danificaram 55 casas, duas empresas particulares, um campo de futebol, um centro de lazer e uma escola.
Moscou acusa o governo ucraniano de lançar ofensivas com drones nos últimos meses, mas Kiev não assume a responsabilidade.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitchsko, disse que 18 pessoas foram mortas na cidade após o ataque com mísseis pelas forças russas, que se tornou o mais mortal para civis desde o começo da guerra.
Na sexta-feira à noite, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU condenou a recente operação de bombardeio em massa da Rússia na Ucrânia e disse que os ataques devem parar "imediatamente".
Países como os EUA, o Reino Unido e a França afirmaram que atingir infra-estruturas civis viola regras internacionais de guerra.
"Em vez da paz, Putin escolheu marcar esta época festiva... com um número sem precedentes de ataques de drones e mísseis", disse o representante dos EUA na ONU, John Kelley.
"Se a Rússia quer culpar alguém pelas mortes de russos nesta guerra, deveria começar pelo presidente Putin", disse o enviado britânico à ONU, Thomas Phipps.
A Rússia disse que as defesas aéreas ucranianas são as culpadas pelos danos a edifícios civis.