Programa comandado por Paula Dantas será decisivo em ano eleitoral

Programa comandado por Paula Dantas será decisivo em ano eleitoral
No primeiro ano do segundo mandato do governador Paulo Dantas (MDB), ações de combate à fome ganharam destaque, com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas houve também polêmicas: Dantas escolheu a filha Paula para a Secretaria Extraordinária da Primeira Infância (Secria), uma pasta sem orçamento e que depende de outras, com ações semelhantes, para funcionar. Paula Dantas é o rosto do Cartão Cria, de longe tratado como o mais importante programa estadual contra os efeitos da fome na primeira infância, distribuindo R$ 150 por mês para mais de 140 mil mães. ~
A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, liderada por Kátia Born, concentra apenas a distribuição de cestas básicas e os restaurantes populares, cuja construção está em ritmo lento, talvez retomado no ano eleitoral de 2024. O restante das ações direcionadas ao secular problema social alagoano é bancado com orçamento federal. No final de outubro, Paula Dantas foi escolhida pelo governador-pai para gerenciar o Alagoas Sem Fome, atrelado ao Brasil Sem Fome, do governo federal. O objetivo, óbvio, é a projeção político-eleitoral da herdeira familiar e ligar sua imagem à de Lula. 
Paula também lidera a Caravana Brasil Sem Fome, assinada pelo presidente da República, investindo R$ 95,9 milhões em Alagoas. “Uma articulação entre o poder público, a sociedade civil e o setor privado, o Plano Brasil Sem Fome visa integrar 80 ações e programas dos 24 ministérios que compõem a Caisan. Dentre os programas diretamente ligados ao MDS, são exemplos o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Cozinhas Solidárias, Programa Cisternas, Fomento Rural, além de iniciativas de inclusão produtiva e da política de segurança alimentar nas cidades. O Plano Safra da Agricultura Familiar, o Bolsa Verde e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) são outras ações interligadas ao ministério”, diz a assessoria do MDS, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. 
As caravanas contra a fome mais o Cartão Cria serão decisivos nas cidades, principalmente no ano eleitoral. E isso inclui o rosto de Paula Dantas. A lei que institui o programa Alagoas Sem Fome tem brechas que devem potencializar a aparição da secretária em eventos públicos vinculados a programas que usarão dinheiro do Fundo de Combate à Pobreza (Fecoep). Ela não deve ser candidata em 2024, mas atrairá quem tem intenções de chegar às urnas. 
Todas estas decisões e costuras se desenrolam enquanto tramita, lentamente e desde o ano passado, o pedido de cassação do mandato do governador, do vice Ronaldo Lessa (PDT) e do senador Renan Filho, hoje ministro dos Transportes. São acusados de abuso de poder político e econômico: distribuir cestas básicas durante período eleitoral. Processo que está no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), uma corte sensível aos apelos políticos. O Ministério Público Eleitoral acusa que os governistas criaram um programa sob medida para capturar votos nas eleições do ano passado, o que é contestado pela defesa: a distribuição das cestas era uma prática constante, atrelada a uma série de outros programas estaduais. 
Números da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN) apontam que 36,7% das famílias alagoanas passam fome. Ou seja: 2,6 milhões de alagoanos possuem algum tipo de insegurança alimentar, aponta o estudo e “os casos de insegurança alimentar grave são os mais frequentes”. Não há data para o TRE decidir se cassa ou não o mandato de Dantas, Lessa e Renan Filho. Enquanto isso, o colegiado se divide na correlação de forças entre liristas e calheiristas. E também o Brasil acompanha os passos da gestão Lula 3. 
Recente pesquisa do Datafolha mostrou que o combate à fome e à miséria é considerado ruim ou péssimo por 40% dos entrevistados. A vitrine do governo é o Bolsa Família. “Os principais programas do governo foram reorganizados, mas ainda não chegaram nas pessoas, como o Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família, PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), escolas em tempo integral. Em 2024, teremos 1 milhão de vagas no ensino integral, mas as famílias beneficiadas ainda não sabem. Governar é como uma planta, a colheita começa em 2024”, disse o ministro Paulo Pimenta.
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