Operação da PF mira em crimes ambientais da Braskem; indenizações e acordos ficam de fora
22/12/2023, 09:17:53
Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quinta-feira (21), a Polícia Federal (PF) falou sobre a Operação Lágrimas de Sal, deflagrada para apurar crimes cometidos no decorrer dos anos pela exploração de sal-gema por parte da Braskem. Conforme a superintendente Luciana Paiva Barbosa, a investigação, por enquanto, se atém a crimes ambientais dos quais a mineradora é acusada, de modo que não se estende a questões como pagamento de indenizações a moradores e acordos com o poder público.
“São dois delegados que estão à frente, peritos com experiência em tragédias como a de Brumadinho e Mariana”, explicou.
Após cumprir mandados de busca e apreensão na sede da empresa, em Maceió, e também no Rio de Janeiro e em Aracaju, a superintendente confirmou que foram recolhidos equipamentos e documentos. Luciana Paiva ressaltou, no entanto, que operação é parte da investigação que começou em abril deste ano e não foi motivada por um fato isolado.
“Estamos aprofundando as investigações sobre a extração de sal-gema na região. Hoje a deflagração é uma consequência de atos que se intensificaram desde que assumi a superintendência, não é um fato isolado”, afirmou.
Perguntada sobre detalhes da operação, a superintendente disse que a investigação segue em segredo de justiça. “Como está em segredo de justiça, a gente realmente não pode dar detalhes. O motivo do segredo de justiça acredito que é cautela do juiz responsável pelo caso”, explicou Luciana.
“É um caso muito complexo, sobretudo agora que teve a entrada de água em uma das minas. Saibam que todos os esforços da Policia Federal estão sendo colocados para esse caso”, disse.
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Segundo as investigações, também foram apurados indícios de que as atividades de mineração não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície.
Os mandados foram cumpridos contra pessoas jurídicas e também contra pessoas físicas, mas não houve prisão.
Marcelo Franca, delegado federal que preside o inquérito, também participou da coletiva e afirmou que a operação de busca e apreensão é parte natural da investigação.
“Quando a gente tem crimes cometidos por grandes empresas, é preciso medidas mais invasivas para obter informações. É natural para entender o que se passa dentro das cabines das empresas e levantar informações”, explicou.
Também participou da coletiva Artur de Brito Lemos, chefe da Delegacia de Combate à Crimes Ambientais. A Polícia Federal não citou nominalmente nome de empresas e nem nome de pessoas alvos da operação.