Crônica sobre um sal cuja gema afundou parte de Maceió, e enriqueceu a duas classes: a dos empresários e a de alguns políticos

O mundo fala em desenvolvimento sustentável, enquanto a Braskem fez sustentar aos parceiros.

Crônica sobre um sal cuja gema afundou parte de Maceió, e enriqueceu a duas classes: a dos empresários e a de alguns políticos

O subsolo de Maceió é uma intrincada rede de cavidades e cavernas formadas ao longo de milênios pela dissolução de rochas de calcário. Esse fenômeno natural, conhecido como carste, resulta em uma paisagem subterrânea única, mas também representa um desafio quando se considera o impacto humano sobre essa geologia delicada.

A exploração desenfreada dos recursos naturais, em especial a extração de sal-gema, desempenhou um papel crucial na formação das cavidades no subsolo. A atividade de mineração conduzida pela Braskem, uma das principais empresas petroquímicas do Brasil, foi apontada como responsável por afetar severamente a estabilidade geológica da região.

A extração de sal-gema, realizada por décadas, desencadeou afundamentos e subsidências no solo de Maceió, resultando em danos estruturais em bairros inteiros. Esses eventos impactaram milhares de pessoas, levando à evacuação de áreas residenciais e causando um cenário de incerteza e prejuízo para muitas famílias.

Enquanto a Braskem prosperou financeiramente com suas atividades na região, a comunidade local enfrentou os custos humanos e ambientais dessa exploração descontrolada. A riqueza gerada pela empresa contrasta com as perdas e os desafios enfrentados pelos moradores afetados.

O embate entre o lucro corporativo e os impactos sociais e ambientais é um dilema presente em muitas áreas do mundo, mas em Maceió, essa tensão atinge uma dimensão singular devido à interação complexa entre a riqueza do subsolo e a influência das atividades humanas sobre ele. Encontrar soluções equitativas e sustentáveis para remediar os danos causados tornou-se uma prioridade urgente para restaurar não apenas a estabilidade geológica, mas também a confiança e o bem-estar da comunidade local.

 

Creditos: Raul Rodrigues