Termina sem acordo reunião provocada por Lula para discutir caso Braskem

Termina sem acordo reunião provocada por Lula para discutir caso Braskem
O presidente Lula (PT) juntou autoridades e grupos políticos opostos para tentar resolver a crise política e ambiental após o colapso de uma das minas de sal-gema da Braskem, em Maceió. A reunião foi tensa e não chegou a uma solução. Os envolvidos diretamente no caso, o governador Paulo Dantas (MDB), alçado ao cargo com apoio do senador Renan Calheiros e o prefeito JHC (PL), apoiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, travam uma batalha política no estado.

O acordo fechado entre a prefeitura e a mineradora Braskem, no valor de R$ 1,7 bilhão, é o foco da briga. O grupo de Renan é contra a proposta assinada por JHC, que não responsabiliza a empresa pela destruição de ao menos cinco bairros da capital. Em troca do pagamento de R$ 1,7 bilhão, o acordo dá à petroquímica “quitação plena, rasa, geral, irrestrita, irrevogável e irretratável” de quaisquer obrigações extras relacionadas à extração de sal-gema. Ontem (11), o governo de Alagoas anunciou a desapropriação da área afetada pela mineração.

Na reunião, JHC e Renan se interromperam em diversos momentos. Eles discordaram em especial sobre o encaminhamento da área. Segundo participantes do encontro, o prefeito defendeu o acordo, enquanto o senador argumentou que não houve um repasse justo à população. Até Lula sentiu a necessidade de intervir.

Em visita ao Planalto na semana passada, Dantas já havia chamado o acordo de "ilegal" e "inconstitucional. Prefeitura e governo do estado também criaram seus próprios comitês de emergência para gerenciar a situação da mina 18, que rompeu no último domingo (10). Não existe um órgão unindo as duas esferas para gerenciar a crise.
Lula, por sua vez, pregou moderação entre os rivais políticos e colocou o governo federal à disposição para mediar uma solução para o caso, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU).

Uma primeira reunião mediada pela AGU já está marcada para esta quinta-feira (14/12), em Maceió, e deve reunir representantes da vítimas, dos prefeitos e do governo do estado.
JHC foi eleito à prefeitura da capital em 2020 pelo mesmo PSB que em 2022 acolheu Alckmin. Muito mais próximo do grupo que apoia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado, ele rumou para o PL pouco antes da janela eleitoral e não tem citado o presidente Lula nas declarações públicas no combate à crise.

Lula também não deverá ir até Alagoas até que a situação seja resolvida. Segundo interlocutores, o presidente quer ajudar com o papel de interlocução e avalia que agora não seria o momento para aparecer "tomando partido", muito embora seja aliado histórico de Renan.
Segundo o ministro Rui Costa, presente ao encontro, houve um “pacto de deixar eventuais políticas de lado para colocar em primeiro lugar o interesse da população, deixar rusgas políticas de lado”. A partir desse entendimento, o presidente, o prefeito e o governador deverão trabalhar em buscar soluções após o rompimento da mina de sal-gema operada pela Braskem em Maceió.
No entanto, a visita de Lula à capital alagoana só ocorrerá quando houver “solução a ser anunciada”. A ida do chefe do Executivo a Maceió era cobrada por autoridades locais.
O coordenador da Defesa Civil de Alagoas disse que a tendência é de acomodação da mina. O coronel Moisés Melo afirmou que "a mina chegou à superfície em uma proporção 100 vezes menor do que o anunciado originalmente".

Não há sinais de que o rompimento tenha afetado outras minas e o rompimento identificado não significa o colapso, mas, sim, o começo do processo. As informações são da engenheira geóloga Regla Toujaguez, professora da Universidade Federal de Alagoas.