Uma crônica de desastre anunciado há 25 anos. Maceió é um queijo suíço.

Tudo pode acontecer, inclusive nada. O que rogo a Deus. Mas se acontecer algo, muito será destruído de Maceió.

Uma crônica de desastre anunciado há 25 anos. Maceió é um queijo suíço.

Há cerca de 25 anos, em entrevista concedida ao radialista França Moura no sistema correio de rádio, acompanhado que fui pelo amigo Romildo Júnior, mencionei explicitamente que Maceió era uma espécie de queijo suíço em evolução. A cada dia, surgiriam mais buracos em seu subsolo. 

Afirmei que isso eventualmente levaria a um colapso do solo da capital, dependendo da quantidade de novos buracos feitos pela Salgema, depois conhecida como Braskem, que continuava a escavar em busca do Ouro Salgado sem adotar quaisquer medidas de segurança prévias.

Essas convicções remontam ao período em que eu era estudante do curso de Física na UFAL, de 1978/1 a 1982/2, tendo sido aluno dos professores Galindo, Cristina, Kleber, entre outros. No departamento de Geografia, tive aulas com os professores Ivan Fernandes Lima, especialista em climatologia - se a memória não me falha - e Osvaldo, especialista em geologia. Fomos convidados pelo último citado a participar de uma aula de campo na antiga Salgema. Na ocasião, pude testemunhar o método utilizado para a remoção do sal, que foi bombeado sob pressão sem que o buraco fosse preenchido com outros materiais.

O ditado popular diz: 'de onde se tira e nada se bota, um dia o rombo aparece' e isso ficou gravado na minha memória desde então.

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, lecionei a disciplina de Física nos Colégios Sacramento e Marista de Maceió, de 1996 a 2004. Durante esse período, li bastante sobre a Braskem e suas atividades de retirada de material do subsolo, incluindo a expansão de áreas que eram muito menores em 1978.

Após esse tempo em Maceió, retornei para Penedo, minha terra natal. No entanto, fui entrevistado várias vezes por França Moura e Campina Filho, sempre enfatizando que as Leis da Física previam que algo dessa magnitude resultaria em um desastre ambiental.

É claro que minhas observações são limitadas ao meu conhecimento adquirido em 34 anos de sala de aula, cursos de atualização e jornadas educativas. Entretanto, essas experiências me permitiram explorar muito com o advento da internet em 1996, quando todos os professores do Sacramento foram obrigados a adquirir computadores para terem acesso à famosa internet discada em suas residências. Isso foi uma porta de entrada para o mundo do conhecimento para todos os interessados.

Hoje, reitero que meu pensamento não está longe do que está previsto, com as seguintes projeções: qualquer acidente que venha a ocorrer não será menos grave do que o afundamento de todos os bairros periféricos da lagoa Mundaú, os quais estão interligados com a parte alta do bairro do Farol que por gravidade, poderiam ser arrastados para um grande buraco formado pelo afundamento de toda a área circundante à mina 18, podendo inclusive ocasionar o colapso de minas vizinhas, ou que seria um desastre de situações inimagináveis.

Creditos: Raul Rodrigues