Neste momento vai doer menos. Apesar de não ser pouco menos. Leonardo Mota uma Marca

Escrevo depois do momento de maior dor pela perda do ente querido, em respeito à retrospectiva que toda família está a fazer introspectivamente.

Neste momento vai doer menos. Apesar de não ser pouco menos. Leonardo Mota uma Marca

Era a década de 60/70/80 e um meio-caminhão azul percorria as ruas de Penedo, tocando um sino para anunciar a passagem do gás. O motorista, sempre o mesmo, era gentil e calmo enquanto lentamente se movia pelo centro e pelos bairros, ostentando a marca ‘Leonardo Mota’.

Onipresente, ele habitava as mentes das pessoas como o dono da distribuidora de gás. Nas manhãs, quentes ou frias, ele saía de sua residência na Praça do Largo de Fátima, hoje conhecida como Praça São Judas Tadeu, em seu próprio carro, vestido formalmente quase sempre com camisa social listada, e com um semblante sério, descia se dirigindo ao seu ponto comercial na Avenida Duque de Caxias – mais conhecida como uma das ruas da praia. Ali, ele comercializava cimento, instrumentos agrícolas, produtos de consumo doméstico, eletrodomésticos e outros itens; era seu segundo ofício.

Pai de muitos filhos, incluindo Leonardo, Paulinho (com quem estudei no Colégio Diocesano), Zé Mota e Joninhas, se a memória não me falha, essa era sua prole. Leonardo também se destacou no comércio local como vendedor de leite, quando o leite era realmente puro.

Seu Leonardo nunca se envolveu na sociedade elitista de Penedo, embora fosse um digno representante da honradez, do amor à igreja, da devoção ao Pai Criador como forma de agradecer pela saúde de toda a família, e como homem de fé.

Proprietário de um pedaço de terra, o Arizona, conhecido pelo banho em fontes de águas cristalinas, ele, ícone dos Mota, se despede de Penedo como sua primeira terra. Pois foi aqui que escolheu viver e formar sua família, sem diminuir a importância de sua cidade natal, o berço dos Mota da cidade de Traipu, terra de Nossa Senhora Ó.

Seu Leonardo deixa um legado para filhos, netos, netas, bisnetos e todos os descendentes, como alguém que passou pela Terra sem deixar rastros, mas sim marcas de alguém que soube, como poucos, trilhar os difíceis caminhos da vida dos encarnados.

Para meu amigo Paulinho e sua filha Paula, de quem fui professor no Colégio Sacramento de Maceió, este registro vem após o período de maior dor, após o dia do falecimento e as horas que se seguem. 

Este registro permanecerá em correiodopovopenedo.com.br, documentando que Penedo perdeu um ilustre participante na vida dos penedenses, um exemplo de muitas qualidades que ele demonstrou ter, não apenas falou, como parte de uma vida completa.

 

Creditos: Raul Rodrigues