Lula volta a fazer live e repete Bolsonaro ao levar ministros para falar sobre projetos do governo

Lula volta a fazer live e repete Bolsonaro ao levar ministros para falar sobre projetos do governo

Após duas semanas sem fazer sua live semanal, o presidente Lula realizou nesta terça-feira sua transmissão ao vivo, e voltou ao formato acompanhado pelos ministros Camilo Santana (Educação) e Nísia Trindade (Saúde). Com isso, o presidente repete um padrão adotado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que também costumava levar ministros para suas transmissões. Ainda durante a transmissão desta terça, Lula revelou receio pela anestesia da cirurgia marcada para esta sexta-feira.

O modelo foi inaugurado pelo petista na última edição da sua live, transmitida há duas semanas, quando Lula levou Camilo Santana para falar das ações do governo para a área da educação.

Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que as lives não aconteceram devido à "pesada agenda internacional do presidente Lula, no G20, na Índia, e na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque". Transmitida normalmente às terças-feiras, o programa, no entanto, já foi ao ar em outros dias da semana para encaixar melhor na agenda do presidente e já foi feito, até mesmo, fora do país.

Lula chegou da Índia há duas semanas, onde participou do G20. Ele pousou em Brasília no começo da madrugada de terça-feira. Por conta desse horário de volta, o presidente decidiu não fazer o programa “Conversa com o Presidente”. Apesar de ter pousado na capital federal perto de meia-noite, o presidente despachou normalmente no dia seguinte do Palácio da Alvorada e teve uma semana normal de agendas.

Na semana passada, cumpriu agenda em Nova York, onde participou, por exemplo, da abertura da Assembleia Geral da ONU.

Dores no quadril desde a eleição

Com cirurgia marcada para sexta-feira, Lula revelou que sente as dores no quadril desde outubro do ano passado, quando estava em campanha pela presidência. O presidente afirmou ainda que cogitou realizar a cirurgia após as eleições, mas que teve temor de passar uma imagem fragilizada.

— Durante o processo da campanha, naquela cena que vocês me viam pulando no carro de som, vocês não sabem a dor que eu sentia. Mas eu pulava porque era preciso animar as pessoas. Se o candidato está lá, de cabeça baixa, ele não passa otimismo para a socidadde. se eu operar agora, vao dizer que lula está velho, ganhou a elieção e já está internado — afirmou.

Com cirurgia marcada, Lula relembra pulos no carro de som na Av. Paulista

Com cirurgia marcada, Lula relembra pulos no carro de som na Av. Paulista

— Depois, eu queria operar logo depois das eleições. Bem, eu disse, se eu operar agora, vão dizer "o Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado". Não, eu resolvi primeiro recuperar o Brasil, politicamente e internamente, com a inclusão social. Depois, recuperar o Brasil na geopolítica internacional, dizer para o mundo inteiro Brasil voltou, está de volta, com muita força, muito tesão, muita vontade de ser uma economia e isso foi maravilhoso no G20, nos BRICS, em Nova York.

Ao falar sobre o seu processo de recuperação, o presidente afirmou que não haverá imagens suas usando andadores e muletas. A orientação, segundo Lula, veio do seu fotógrafo, Ricardo Stuckert, atual secretário de produção e divulgação de conteúdo audiovisual.

Lula ressaltou que vai cumprir agendas como presidente da República normalmente, mas que vai concentrar os trabalhos em Brasília. Os primeiros meses do seu terceiro mandato foram marcados por uma intensa agenda de viagem. A próxima viagem será, segundo o presidente, em novembro, para a COP 28.

No calendário da presidência da República, a COP-28 já aparecia como a meta de recuperação de Lula e a próxima viagem prevista para a sua agenda internacional. No retorno, o presidente passará também na Alemanha. A data foi confirmada na semana passada pelo Palácio do Planalto.

Em julho, o presidente passou por dois procedimentos para reduzir as dores no local. O primeiro tratamento foi uma infiltração, quando o paciente recebe uma injeção de medicamentos diretamente na área afetada. Dias depois, realizou uma "denervação percutânea no quadril direito, que usa substâncias para tentar eliminar as exterminações nervosas que causam dor no paciente.

Última live teve defesa a Zanin

Na última live transmitida, Lula saiu em defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, após seu primeiro indicado no atual mandato ter sido alvo de críticas por votos considerados conservadores.

Sem citar o ministro, o petista defendeu votações secretas na Corte, em que as posições de cada magistrado não sejam conhecidas, apenas o resultado final dos julgamentos. Para o presidente, "a sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte". A frase de Lula foi altamente criticada, inclusive por ex-ministros da Suprema Corte.

A primeira live foi ao ar no dia 13 de junho e iria para a sua 14ª edição nesta semana. Desde então, a transmissão já precisou ser adaptada para se encaixar na agenda de Lula e já foi ao ar, por exemplo, da África do Sul — durante a cúpula dos Brics — , em Puerto Iguazú — durante o Mercosul —, em Belém — na cúpula da Amazônia, e de Bruxelas.

Concebida para levar um ambiente descontraído e informal ao público, a live tem o objetivo de cumprir outro papel: disputar as redes sociais e tentar “pautar” o debate nacional. Desde o início do governo, há preocupação de auxiliares de Lula para que a Presidência não fique a reboque dos acontecimentos ou dos temas explorados pelos veículos de comunicação.

A EBC transmite semanalmente as lives pelas redes e pela televisão, sempre no canal destinado para a comunicação do governo, rebatizado na terça-feira de CanalGov.

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